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ARTIGO - A ACUPUNTURA COMO COMPLEMENTO NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO

ELIZIANE DOS SANTOS SILVA
ALESSANDRO DA SILVA RODRIGUES

 

A ACUPUNTURA COMO COMPLEMENTO NO TRATAMENTO DA DEPRESSÃO


Monografia apresentada à Universidade Vicentina como requisito parcial para obtenção do título de Pós-Graduação em Acupuntura e Eletroacupuntura.
Orientador: Mestre Sérgio Soares
Macaé/RJ
2014


RESUMO


O presente estudo tem por objetivo levantar dados que comprovem a eficácia da acupuntura como complemento no tratamento da depressão. Portanto, se faz necessário estudar a utilização de métodos alternativos, especificamente a acupuntura, na complementação do tratamento de indivíduos depressivos que não obtiveram sucesso suficiente através das técnicas convencionais de tratamento da patologia, tais como o tratamento farmacológico e acompanhamento psiquiátrico, porém, sem a intenção de substituir essas formas de tratamento é a justificativa do presente trabalho. Para tal estudo foi realizada uma pesquisa qualitativa, o método descritivo e tipo bibliográfico. Conclui-se que a acupuntura trata corpo, mente e espírito, sem a pretensão de ser uma técnica exclusiva no tratamento da depressão, embora seja de enorme valia para a reabilitação do indivíduo no convício social e na recuperação de sua autoestima.
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Palavras-chave: Acupuntura. Alternativa. Tratamento. Depressão.


ABSTRACT

This study aims to collect data showing the efficacy of acupuncture as a complement in the treatment of depression. Therefore, it is necessary to study the use of alternative methods, specifically acupuncture, complementing the treatment of depressed individuals who did not have enough success with conventional techniques for treating disorders such as drug treatment and psychiatric evaluations, but without intention to replace these forms of treatment is the justification of this work. For this study, a qualitative research was conducted, the descriptive method and bibliographical. It is concluded that acupuncture treats the body, mind and spirit, without claiming to be a unique technique in the treatment of depression, although it is of enormous value to the rehabilitation of the individual in social convicio and regain their self-esteem.
. Keywords: Acupuncture. Alternative. Treatment. Depression.

1. INTRODUÇÃO


O tema do presente estudo é a utilização da acupuntura como complemento no tratamento da depressão.
Melancolia, depressão monopolar, reativa, psicótica, neurótica, mascarada, com fobia, bipolar, etc... Depressão é uma condição humana descrita há séculos. Ainda não existe definição final, classificação adequada ou explicação sobre a causa ou causas. Esta situação de ignorância e incerteza pode gerar uma série de emoções e confusões na cabeça de qualquer terapeuta. Por outro lado, também pode despertar uma enorme curiosidade para procurar idéias e respostas na literatura científica e na situação que cada cliente apresenta.
Este estudo se limita a estudar a utilização de métodos alternativos, especificamente a acupuntura, na complementação do tratamento de indivíduos depressivos que não obtiveram sucesso suficiente através das técnicas convencionais de tratamento da patologia, tais como o tratamento farmacológico e acompanhamento psiquiátrico, porém, sem a intenção de substituir essas formas de tratamento. O estudo se baseia no pressuposto de que a integração entre as técnicas pode acelerar o processo curativo, sendo de grande valia para a reabilitação do paciente no convívio social e na recuperação de sua autoestima.
Em seu desenvolvimento, o presente estudo procura atingir os seguintes objetivos: 1) Identificar a história e o crescimento da acupuntura no mundo; descrever o quadro clínico do paciente depressivo de forma detalhada, explicando suas características na visão ocidental e na visão oriental; 2) Descrever as características da depressão na visão ocidental e na visão oriental; 3) Reconhecer a função da acupuntura no tratamento complementar da depressão e os objetivos desse tipo de tratamento.
O estudo monográfico fundamentado na proposta acima, se justifica pela necessidade de estar aprofundando os conhecimentos em relação à eficácia da acupuntura como complemento no tratamento da depressão, pois já existem evidências de sucesso no uso de Acupuntura como monoterapia para depressão.
A partir da definição do tema objeto do presente estudo, que é a utilização da acupuntura no tratamento complementar da depressão, pode-se delimitá-lo como estudo de uma patologia que envolve discussões sobre hereditariedade, fixações psicológicas, traumas e aspectos emocionais. Tal patologia necessita da utilização de diversas técnicas para seu tratamento eficaz. Cada técnica tem sua área de atuação específica com os seus resultados específicos. A acupuntura trata corpo, mente e espírito, sem a pretensão de ser uma técnica exclusiva no tratamento da depressão, embora seja de enorme valia para a reabilitação do indivíduo no convício social e na recuperação de sua autoestima.
Com a finalidade de ressaltar a importância da acupuntura no tratamento da depressão, este estudo traz como base uma abordagem qualitativa, o método descritivo e tipo bibliográfico, com uma média de quarenta citações de teóricos renomados.
Como pressupostos teóricos acerca da temática em apreço destacam-se: Chen (1994), Macciocia (1996), Canto (2014), Cowdry (2002), Bastos (2004), Han (1999) dentre outros.
Com base na literatura de autores renomados que sustentam esse marco teórico, essa pesquisa científica se apresentará de modo estruturado com base em três capítulos, a saber:
O primeiro capítulo versará sobre a história e o crescimento da acupuntura no mundo; ressaltando o quadro clínico do paciente depressivo de forma detalhada.
O segundo capítulo descreve as características da depressão na visão ocidental e na visão oriental.
E o terceiro apresenta a função da acupuntura no tratamento complementar da depressão e os objetivos desse tipo de tratamento.
Acredita-se que muito tempo pode ser economizado nos tratamentos convencionais, muitos efeitos colaterais amenizado, aumentando a força de vontade do indivíduo na recuperação de sua autoestima e diminuindo o seu sofrimento.
Esta monografia, não tem a pretensão de findar-se em si mesma como algo acabado e estrutural. Contudo, oportunizar aos leitores e simpatizantes da temática, um repensar em torno da eficácia da acupuntura como complemento no tratamento da depressão


2.3. Ansiedade e Depressão;


Um grande consenso na conferência foi à necessidade de investigar o papel da Acupuntura na liberação de outros neuropeptídeos que não os opióides.
Não seja míope, Candace Pert, uma professora do departamento de fisiologia e biofísica da Escola de Medicina da Universidade de Georgetown, disse numa assembléia de pesquisadores. Cerca de 70 a 90 neuropeptídeos podem ser os responsáveis pela transmissão da terapia na Acupuntura, disse ela.
"Até agora, o que todo mundo entende é que as endorfinas estão implicadas (na Acupuntura). Não há dúvida quanto a isso", disse Daniel Bossut, do Departamento de Neurologia da Universidade de Duke. (Revista Veja, set/2003, p. 27)
Mas os "neuropeptídeos" têm múltiplas funções’, e os opióides "não irão ser os únicos responsáveis no tratamento da Acupuntura", disse Bossut (idem).
"Creio que uma lição importante da conferência é que a Acupuntura pode afetar as serotoninas", disse um psiquiatra e bioquímico de lipídeos Joseph R. Hibbeln, chefe dos pacientes. Serotonina é outro neurotransmissor.”
“Isso é importante para os psiquiatras porque nós usamos muitas drogas farmacológicas para alterar a serotonina e tratar as desordens da ansiedade e da depressão”, disse Hibbeln. "Portanto, não parece que há um grande potencial para testar, em ensaios clínicos, a eficácia da Acupuntura na depressão e nas desordens da ansiedade." (Revista veja, idem, p. 28).
No ponto de vista de Wilson (idem), a primeira questão é se as mudanças fisiológicas reais produzidas pela Acupuntura realmente se tornam algo que seja útil clinicamente. Não há dúvida de que se possa obter alguma analgesia (pela Acupuntura). Mas se você pode obter o mesmo efeito com aspirina, por que não tomar aspirina?
"Na literatura clínica, para cada estudo em Acupuntura com resultados positivos, alguém encontra um com resultados negativos", ele disse. "muitos desses estudos têm metodologia muito pobre e não incorporam grupos de controle apropriados.", escreveu Wilson (idem) nos seus comentários preparados para a conferência.
Quanto ao slide de uma vaca agulhada sendo submetida à cirurgia, Wilson comentou que colocando a vaca nessa mesa cercada de várias pessoas já causa um grande estresse a ela. “Como o próprio estresse é um analgésico potente”, ele disse, “os pesquisadores necessitam avaliar qual o papel que ele tem no alívio da dor da vaca antes de assegurar a eficácia clínica da Acupuntura.
“Porém, criar um ensaio clínico rigoroso para a Acupuntura não é fácil e pode-se perder o parâmetro”, disseram outras pessoas na conferência citada pela Revista Veja (idem).
Souza (1996) associa acupuntura a um novo procedimento cirúrgico, argumentando que sua eficácia deveria ser julgada da mesma maneira, pelos resultados sobre os pacientes muito mais do que pelos ensaios com protocolos tradicionais.
O autor cita que Michel O. Smith, diretor da Divisão de Abuso de Substâncias do Hospital Lincoln em Bronx, tem usado a Acupuntura por vários anos. Ele disse que ela mostra um resultado positivo no auxílio para a recuperação de viciados em drogas para continuar com seus programas de reabilitação. A acupuntura em si não irá ajudar essas pessoas. Nada por si só irá ajudar essas pessoas, mas se for associada à Acupuntura ao programa, você irá obter vantagens. Há uma maior taxa de aderência (de viciados no programa). As pessoas são mais cooperativas e elas entendem mais.
Souza (1996) alega que além do controle da dor, os testes com Acupuntura para tratar náuseas associados à cirurgia e à quimioterapia parecem ser promissores. Nós devemos olhar para a Acupuntura não como um faz-tudo, mas como um meio para complementar os efeitos desejados que estejam buscando, sobrepondo os efeitos colaterais (indesejáveis).
Tang et. al. (1997) alegam que têm ajudado os pacientes a diminuir a quantidade de drogas prescritas numa média de 30% a 50%, e Han (1999) disse que a Acupuntura pode reduzir o consumo da anestesia durante a cirurgia em 50%.
Um número crescente de médicos está se incorporando a essa prática, estimulado pela curiosidade recente dos seus pacientes sobre medicina alternativa e sua preocupação em tomar as medicações prescritas. A acupuntura tem sido cada vez mais utilizada porque muitos pacientes não querem tomar as medicações devido a seus efeitos colaterais. Há várias coisas que nós não entendemos a respeito da ação da Acupuntura. Nós estamos apenas na ponta do iceberg.
Em 1993, a Food and Drug Administration relatou que os americanos estavam gastando US $500 milhões por ano e se estimava que de 9 a 12 milhões de pacientes buscavam o tratamento com Acupuntura.
A modernidade na condução de experimentos científicos nos últimos anos tem sido muito importante no desenvolvimento da pesquisa em acupuntura, notadamente nas áreas da neurofisiologia, eletrofisiologia, no estudo dos mecanismos essenciais de regulação do sistema neuro-imuno-endócrino, (MACCIOCIA, 1996) A depressão é um distúrbio comum entre a população geral, sendo um estado de alteração das emoções e do ânimo, que leva a alterações físicas, emocionais e mentais. Os sintomas da depressão são muito variados, como sensações de tristeza, pensamentos negativos e/ou suicidas, até alterações da sensação corporal, como dores, desconforto no batimento cardíaco e enjôos. Normalmente a pessoa apresenta perda de energia ou interesse, dificuldade de concentração, alterações do apetite e do sono, lentificação das atividades físicas e mentais, sentimento de pesar ou fracasso. Acupuntura promove o equilíbrio físico (biológico) e mental, aumentando a produção de endorfina e serotonina, responsáveis pela sensação de bem estar, sem agredir o corpo e a mente. Existem diversos estudos científicos que comprovam a eficácia da acupuntura para estes fins, podendo ser facilmente associada a outros tipos de tratamentos como o medicamentoso e a psicoterapia. Durante a sessão o paciente experimenta a agradável sensação de leveza, induzida pelo estímulo dos pontos de acupuntura (METTIFOGO, 2012) Ansiedade e depressão são as doenças que, literalmente, tornaram-se parte integrante de nossas vidas. Para as pessoas que sofrem de depressão e de ansiedade sua vida é um fardo. Sua mente está cheia de medos e de pensamentos negativos. São incapazes de lidar com o stress ou de se concentrar em qualquer trabalho devido à falta de interesse, e algumas pessoas ainda mostram tendências suicidas. No entanto, um raio de esperança surgiu para essas pessoas na forma de acupuntura, que pode ajudar a lidar com doenças mentais de forma eficaz (CANTO, 2014). A Acupuntura que vem sendo praticada por mais de 2000 anos, na China, é uma forma de tratar diversas doenças. Este tratamento se baseia na teoria que diz que todos os seres vivos possuem energia vital (chi) que flui de maneira uniforme pelo corpo, através dos canais de energia (meridianos) (CANTO, 2014). No entanto, quando há uma perturbação no fluxo energético, ela pode desencadear uma série de problemas físicos e mentais. A acupuntura trata tentando harmonizar a circulação da energia no corpo para eliminar as doenças. As agulhas nos pontos específicos estimulam o fluxo livre de "chi" que por sua vez reduz os sintomas de ansiedade e depressão. Acredite ou não, existem mais de 2000 pontos de acupuntura, mas aqueles localizados no tórax, couro cabeludo e do pulso são considerados pontos de acupuntura para a depressão (CANTO, 2014).

2. A MEDICINA ORIENTAL E A UTILIZAÇÃO DA ACUPUNTURA

2.1 História da Acupuntura

Segundo Ferreira (1991), a acupuntura introduziu-se no Ocidente já algumas décadas. Ainda assim, os conhecimentos difundidos a seu respeito através da mídia, de publicações diversas e de pessoas conhecidas são tão incorretos que chegam a comprometer a imagem dessa especialidade médica, além de interferir no bom tratamento.

Tratando de centenas de pessoas há mais de 15 anos, o médico Hong Jin Pai, pós-graduado em Acupuntura nos Hospitais de Pekim, na China, vê a necessidade de se criar um veículo de comunicação que transmita informações corretas sobre o tratamento pelo método da Acupuntura, àqueles que a desconhecem. A falta de conhecimentos científicos, além de interferir no adequado tratamento, traz como a imagem equivocada da Acupuntura perante a sociedade.

De acordo com Souza (1996), o ser humano faz parte da natureza, é uma pequena unidade do Universo e seu estado de saúde tem íntimas relações com o meio ambiente. Esse é o princípio básico da Acupuntura, praticada pelos chineses há mais de 5000 anos. Trata-se de uma ciência experimental cuja finalidade consiste na cura de doenças e na busca do equilíbrio do organismo. Inicialmente foi praticada pressionando-se algumas regiões do corpo por meio de instrumentos contundentes como lascas de pedra, espinhas de peixe, etc. Foi por volta do século VII A.C. que se introduziu metais como ouro, prata, latão e ferro, anteriores às atuais agulhas de aço inoxidável.

Do século IV A.C. se conhecem os primeiros registros das sistematizações da filosofia de vida na antiguidade chinesa que leva em conta a observação de fenômenos naturais na orientação na conduta humana, resumindo em dualidade: dia/noite, calor/frio, expansão/contração.

Segundo Macciocia (1996), esses conceitos filosóficos foram incorporados à Medicina de Acupuntura, explicando-se assim as causas das doenças e o mecanismo de cura. Os primeiros livros que se tem em conta sobre a matéria são os dois volumes de " Huan Di Nei Ching". Baseada na sustentação técnica recebeu desses livros, a Acupuntura evoluiu, e foi notavelmente, aperfeiçoando-se cada vez mais. Bem mais tarde, no século V, a Acupuntura foi levada a Coréia e, dois séculos depois para o Japão. No século XVII, o conceito da Medicina Chinesa foi traduzido e levado para a Alemanha e França, onde influenciou fortemente as especialidades de Homeopatia e Medicina com Ervas que, como a Acupuntura possuem pressupostos bastante enraizados na cultura popular. Exemplos: "Enxaqueca é causada por problemas de fígado" ou "Mal-estar implica em disfunção de vesícula" ou "Tontura decorre de sangue quente na cabeça" (AUGUSTO, 2014).

Para Macciocia (1996), as observações dos antigos chineses a respeito de alternância entre dia e noite, cheio e vazio, claro e escuro, etc., levaram a concepção da teoria dos opostos Yin e Yang, duas forças complementares. Yin corresponde ao frio, à umidade, à imobilidade e Yang ao calor à mobilidade e ao aspecto, "seco". No organismo, Yin é o corpo físico e Yang é a mente. Para alcançar a saúde em harmonia Yin e Yang devem estar em equilíbrio, ou seja, corpo e mentes precisam estar saudáveis. Em contrapartida, quando Yin e Yang estão em desequilíbrio os seres humanos estarão doentes.

De acordo com essa teoria, na época do inverno ou das chuvas, o frio (Yin) obstrui a circulação de sangue, aumentando as dores. Umas das técnicas utilizadas pela Acupuntura é a de Moxabustão ou queima de moxa espécie de fibras formadas depois da secagem da planta artemísia. Esta, ao produzir calor (Yang) local neutraliza o frio (Yin), restabelecendo o equilíbrio.

2.2. O crescimento da acupuntura no mundo

Quando Sung J. Liao organizou um curso de Acupuntura para médicos americanos em 1972, ele o fez secretamente porque, disse ele: "não queríamos que a mídia soubesse e interpretasse mal". Alguns meses depois, ele foi ameaçado de demissão se usasse a Acupuntura no hospital em Connecticut, onde trabalhava. A seguir, um colega médico o levou à Sociedade Médica do Estado, acusando-o de "autopropaganda", por causa de uma citação em um artigo do jornal sobre a Acupuntura.

Naqueles tempos, "um médico iria lhe dizer que você estava fora de si, que você era louco", disse Liao, professor de Clínica Cirúrgica da Escola de Odontologia da Universidade de Nova York. Naqueles dias, a prática da Acupuntura "poderia ser motivo para perder sua licença (médica)", relembra o médico chinês.

A Acupuntura é citada agora na lista telefônica através de todo o país. Cerca de 10.000 acupunturistas e 3.000 médicos têm o certificado para executar essa antiga arte chinesa. Trinta Estados, incluindo Maryland, Virginia e o Distrito de Columbia, legalizaram a Acupuntura. Mais de vinte escolas de Acupuntura foram aprovadas pelo U.S. Department of Education. Em fevereiro, a Food and Drug Administration classificou as agulhas de Acupuntura como um instrumento médico, facilitando o caminho para a terapia — que já é aplicada em milhões de americanos — ser coberta pelos planos de saúde.

De fato, a Acupuntura tem trilhado um longo caminho desde sua introdução nos Estados Unidos em 1971, quando o repórter do New York Times, James Reston, descreveu para os leitores como os médicos em Beijing aliviaram suas dores abdominais pós-cirurgia com as agulhas. Desde essa época a Acupuntura tem ganhado uma maior aceitação em razão de sua eficácia para aliviar as dores crônicas, a artrite, as náuseas pós-cirurgias, a enxaqueca e a fadiga. Para milhões de pessoas, não há dúvidas de que ela funciona.

Mas um grande mistério continua a desconsertar até os mais fervorosos defensores da Acupuntura: como e por que essa terapia de 2000 anos funciona?

Esse mistério levou, recentemente, os pesquisadores dos Estados Unidos, França, China e Canadá a Arlington para uma conferência intitulada "A Fisiologia da Acupuntura". O encontro, o primeiro do gênero naquele país, foi patrocinado pela Americam Academy of Medical Acupuncture, uma organização com sede em Los Angeles, representando os médicos que realizam Acupuntura e o National Institute on Drug Abuse (NIDA). O diretor do National Institute of Health’s Office of Complementary and Alternative Medicine, Wayne B. Jonas, foi o palestrante principal.

Durante três dias, um grupo de diversos especialistas avaliou as figuras brilhantes do fluxo sanguíneo no cérebro dos pacientes agulhados. Eles viram um slide de uma vaca sendo submetida placidamente a uma cirurgia sem anestesia, mas totalmente agulhada. Eles ouviram as explicações ultratécnicas sobre os "campos bioeletromagnéticos do corpo e sobre as qualidades elétricas da pele nos pontos de Acupuntura". Mas não se chegou a um consenso sobre a forma como a Acupuntura age no corpo humano ou sobre a sua eficiência comparada aos outros tratamentos.

Entretanto, os cientistas e os médicos ocidentais têm ganhado uma melhor compreensão da Acupuntura e de seus efeitos terapêuticos. Até esta data, algumas teorias são rapidamente desconsideradas nas mais sérias discussões sobre terapias. Primeiro, ela não é "mágica". Segundo, a maioria dos cientistas concorda que a Acupuntura não age como a hipnose; eles citam que ela tem aliviado a dor nos animais, que não podem ser hipnotizados.

A comunidade científica agora aceita amplamente que a Acupuntura produz mudanças fisiológicas no corpo humano. Essas mudanças incluem alterações na pressão sanguínea, nas atividades elétricas cerebrais e no tálamo, uma parte do cérebro que processa os impulsos nervosos da dor, da temperatura e do tato.

Na conferência, Abass Alavi, diretor de Medicina Nuclear da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia, citado na revista Época (jul/2003), apresentou as imagens resultantes do escaneamento do cérebro dos pacientes agulhados. "Nós medimos o fluxo cerebral antes e imediatamente após o tratamento por Acupuntura" (Revista Época, jul/2003, p. 18), disse o parceiro de Alavi, David Mozley. "Nós encontramos um aumento significativo do fluxo sanguíneo para o tálamo após o tratamento... mostrando que a Acupuntura produz efeito sobre o cérebro, particularmente sobre o tálamo, que tem um papel importante no processamento da informação sensitiva” (Revista Época, jul/2003, p. 18-19), acrescentou ele.

A Acupuntura estimula as fibras sensitivas do Sistema Nervoso Periférico (SNP) fazendo com que ocorra uma transmissão elétrica via neurônios para produzir alterações no Sistema Nervoso Central (SNC), o qual libera substâncias (ex.: cortisol, endorfinas, dopamina, noradrenalina, serotonina) que promovem bem-estar, prevenção e tratamento de doenças, sejam elas psicológicas, biológicas e/ou comportamentais (SILVA, 2007).

A reação fisiológica mais extensivamente pesquisada na Acupuntura tem sido a liberação de substâncias no cérebro conhecidas como endorfinas. Estima-se que haja cerca de 40 neuropeptídeos, ou neurotransmissores, no sistema nervoso humano; as endorfinas pertencem a um subtipo de neuropeptídeo chamado opióide. Os três opióides são "irmãos" — endorfinas, encefalinas e dinorfinas — são partes integrais do mecanismo natural de supressão da dor (LOURENÇO, 2010).

A aspirina, a meditação e o exercício são deflagradores da liberação de endorfina. O famoso "runner’s high" (bem-estar do corredor) é o resultado da endorfina desencadeada pelo exercício. Nestas últimas duas décadas, os resultados dos experimentos têm confirmado que a Acupuntura também estimula as endorfinas a agir, como Bruce Pomeranz, do Departamento de Zoologia da Universidade de Toronto, lembrou a seus colegas conferencistas (OLIVEIRA, 2011).

Os cientistas especulam que as agulhas de Acupuntura, através do seu movimento rotatório ou pela transmissão de corrente elétrica, estimulam os nervos periféricos dos músculos. Esses nervos mandam mensagens para o cérebro para liberar as endorfinas, que então fazem seu trabalho impedindo as mensagens da dor de chegarem ao cérebro.

"É difícil refutar o argumento de que é a condução neural e não o fluxo de algo não identificável (Qi) o responsável pela transmissão da informação na Acupuntura" (Revista Época, jul/2003, p. 19), escreveu um dos palestrantes da conferência, Owen Wilson, professor assistente de medicina do Colégio de Medicina de Houston. "Não foi encontrada nenhuma boa evidência de estruturas especiais que tenham correspondência com os pontos de Acupuntura dos meridianos" (idem, p. 19), acrescentou Wilson.

"Não tenho evidências para os meridianos ou canais. Eu estudo sobre as bases da neurociência" (idem, p. 19), disse Ji Sheng Han, professor de fisiologia e diretor do Centro de Pesquisa em Neurociência da Universidade Médica de Beijing. Han discutiu o seu trabalho, que é parcialmente financiado pelo NIDA, mostrando que diferentes níveis de estímulos elétricos estimulam diferentes opióides. Quando as agulhas são giradas lentamente ou ligadas a estímulos elétricos de baixa frequência, as encefalinas e as endorfinas são liberadas. Quando uma frequência maior (100 Hertz) é usada, as dinorfinas são ativadas.

"Portanto, têm-se fortes evidências de que diferentes frequências estimulam diferentes (neuro) peptídeos", disse Han numa entrevista citada pela Revista Época (idem, p. 19). Quando um acupunturista faz um movimento de vaivém que varie entre alta e baixa frequência, liberando todos os três opióides, produz-se o efeito analgésico mais recente.

A liberação Acupuntura-opióide foi descoberta logo após a identificação das endorfinas nos anos 70. Desde então as pesquisas sobre Acupuntura, de acordo com a maioria dos participantes da conferência, têm apenas feito avanços incrementais no entendimento dos seus efeitos no cérebro. "Nos últimos 20 anos, não creio que tenha havido uma mudança fundamental na compreensão da Acupuntura e várias pesquisas têm trazido uma melhora em termos de qualidade", disse Wilson. "Não houve uma mudança maior de paradigma." (idem, p. 20)

2.3. Ansiedade e Depressão

Um grande consenso na conferência foi à necessidade de investigar o papel da Acupuntura na liberação de outros neuropeptídeos que não os opióides.

Não seja míope, Candace Pert, uma professora do departamento de fisiologia e biofísica da Escola de Medicina da Universidade de Georgetown, disse numa assembléia de pesquisadores. Cerca de 70 a 90 neuropeptídeos podem ser os responsáveis pela transmissão da terapia na Acupuntura, disse ela.

"Até agora, o que todo mundo entende é que as endorfinas estão implicadas (na Acupuntura). Não há dúvida quanto a isso", disse Daniel Bossut, do Departamento de Neurologia da Universidade de Duke. (Revista Veja, set/2003, p. 27)

Mas os "neuropeptídeos" têm múltiplas funções’, e os opióides "não irão ser os únicos responsáveis no tratamento da Acupuntura", disse Bossut (idem).

"Creio que uma lição importante da conferência é que a Acupuntura pode afetar as serotoninas", disse um psiquiatra e bioquímico de lipídeos Joseph R. Hibbeln, chefe dos pacientes. Serotonina é outro neurotransmissor.”

“Isso é importante para os psiquiatras porque nós usamos muitas drogas farmacológicas para alterar a serotonina e tratar as desordens da ansiedade e da depressão”, disse Hibbeln. "Portanto, não parece que há um grande potencial para testar, em ensaios clínicos, a eficácia da Acupuntura na depressão e nas desordens da ansiedade." (Revista veja, idem, p. 28).

No ponto de vista de Wilson (idem), a primeira questão é se as mudanças fisiológicas reais produzidas pela Acupuntura realmente se tornam algo que seja útil clinicamente. Não há dúvida de que se possa obter alguma analgesia (pela Acupuntura). Mas se você pode obter o mesmo efeito com aspirina, por que não tomar aspirina? 

"Na literatura clínica, para cada estudo em Acupuntura com resultados positivos, alguém encontra um com resultados negativos", ele disse. "muitos desses estudos têm metodologia muito pobre e não incorporam grupos de controle apropriados.", escreveu Wilson (idem) nos seus comentários preparados para a conferência.

Quanto ao slide de uma vaca agulhada sendo submetida à cirurgia, Wilson comentou que colocando a vaca nessa mesa cercada de várias pessoas já causa um grande estresse a ela. “Como o próprio estresse é um analgésico potente”, ele disse, “os pesquisadores necessitam avaliar qual o papel que ele tem no alívio da dor da vaca antes de assegurar a eficácia clínica da Acupuntura.

“Porém, criar um ensaio clínico rigoroso para a Acupuntura não é fácil e pode-se perder o parâmetro”, disseram outras pessoas na conferência citada pela Revista Veja (idem).

Souza (1996) associa acupuntura a um novo procedimento cirúrgico, argumentando que sua eficácia deveria ser julgada da mesma maneira, pelos resultados sobre os pacientes muito mais do que pelos ensaios com protocolos tradicionais.

O autor cita que Michel O. Smith, diretor da Divisão de Abuso de Substâncias do Hospital Lincoln em Bronx, tem usado a Acupuntura por vários anos. Ele disse que ela mostra um resultado positivo no auxílio para a recuperação de viciados em drogas para continuar com seus programas de reabilitação. A acupuntura em si não irá ajudar essas pessoas. Nada por si só irá ajudar essas pessoas, mas se for associada à Acupuntura ao programa, você irá obter vantagens. Há uma maior taxa de aderência (de viciados no programa). As pessoas são mais cooperativas e elas entendem mais.

Souza (1996) alega que além do controle da dor, os testes com Acupuntura para tratar náuseas associados à cirurgia e à quimioterapia parecem ser promissores. Nós devemos olhar para a Acupuntura não como um faz-tudo, mas como um meio para complementar os efeitos desejados que estejam buscando, sobrepondo os efeitos colaterais (indesejáveis).

Tang et. al. (1997) alegam que têm ajudado os pacientes a diminuir a quantidade de drogas prescritas numa média de 30% a 50%, e Han (1999) disse que a Acupuntura pode reduzir o consumo da anestesia durante a cirurgia em 50%. 

 Um número crescente de médicos está se incorporando a essa prática, estimulado pela curiosidade recente dos seus pacientes sobre medicina alternativa e sua preocupação em tomar as medicações prescritas. A acupuntura tem sido cada vez mais utilizada porque muitos pacientes não querem tomar as medicações devido a seus efeitos colaterais. Há várias coisas que nós não entendemos a respeito da ação da Acupuntura. Nós estamos apenas na ponta do iceberg.

Em 1993, a Food and Drug Administration relatou que os americanos estavam gastando US $500 milhões por ano e se estimava que de 9 a 12 milhões de pacientes buscavam o tratamento com Acupuntura.

A modernidade na condução de experimentos científicos nos últimos anos tem sido muito importante no desenvolvimento da pesquisa em acupuntura, notadamente nas áreas da neurofisiologia, eletrofisiologia, no estudo dos mecanismos essenciais de regulação do sistema neuro-imuno-endócrino, (MACCIOCIA, 1996)

A depressão é um distúrbio comum entre a população geral, sendo um estado de alteração das emoções e do ânimo, que leva a alterações físicas, emocionais e mentais. Os sintomas da depressão são muito variados, como sensações de tristeza, pensamentos negativos e/ou suicidas, até alterações da sensação corporal, como dores, desconforto no batimento cardíaco e enjôos.

Normalmente a pessoa apresenta perda de energia ou interesse, dificuldade de concentração, alterações do apetite e do sono, lentificação das atividades físicas e mentais, sentimento de pesar ou fracasso.

Acupuntura promove o equilíbrio físico (biológico) e mental, aumentando a produção de endorfina e serotonina, responsáveis pela sensação de bem estar, sem agredir o corpo e a mente. Existem diversos estudos científicos que comprovam a eficácia da acupuntura para estes fins, podendo ser facilmente associada a outros tipos de tratamentos como o medicamentoso e a psicoterapia. Durante a sessão o paciente experimenta a agradável sensação de leveza, induzida pelo estímulo dos pontos de acupuntura (METTIFOGO, 2012)

Ansiedade e depressão são as doenças que, literalmente, tornaram-se parte integrante de nossas vidas. Para as pessoas que sofrem de depressão e de ansiedade sua vida é um fardo. Sua mente está cheia de medos e de pensamentos negativos. São incapazes de lidar com o stress ou de se concentrar em qualquer trabalho devido à falta de interesse, e algumas pessoas ainda mostram tendências suicidas. No entanto, um raio de esperança surgiu para essas pessoas na forma de acupuntura, que pode ajudar a lidar com doenças mentais de forma eficaz (CANTO, 2014).

A Acupuntura que vem sendo praticada por mais de 2000 anos, na China, é uma forma de tratar diversas doenças. Este tratamento se baseia na teoria que diz que todos os seres vivos possuem energia vital (chi) que flui de maneira uniforme pelo corpo, através dos canais de energia (meridianos) (CANTO, 2014).

No entanto, quando há uma perturbação no fluxo energético, ela pode desencadear uma série de problemas físicos e mentais. A acupuntura trata tentando harmonizar a circulação da energia no corpo para eliminar as doenças. As agulhas nos pontos específicos estimulam o fluxo livre de "chi" que por sua vez reduz os sintomas de ansiedade e depressão. Acredite ou não, existem mais de 2000 pontos de acupuntura, mas aqueles localizados no tórax, couro cabeludo e do pulso são considerados pontos de acupuntura para a depressão (CANTO, 2014). 

 
3. A DEPRESSÃO NA VISÃO OCIDENTAL E ORIENTAL


3.1 A depressão na visão ocidental;


A depressão, segundo estimativas da Organização Mundial de Saúde, acomete 4% da população. Como a doença, ou as doenças estudadas sob essa rubrica, resultam em incapacitação para o trabalho, suicídio, problemas médicos secundários, comprometimento da vida familiar, além de muito sofrimento para o paciente, torna-se fundamental a atuação de todos os médicos, independente de suas especialidades, no sentido do diagnóstico, tratamento e prevenção precoce.
Nos últimos vinte anos houve um avanço científico considerável no conhecimento da depressão. Até porque se tem um índice alto de pacientes depressivos, devido até mesmo ao estilo de vida que levam junto à modernidade, violência e outros mais fatores externos. Isto ocorre em várias áreas, principalmente na terapêutica psicofarmatológica, que hoje, nos centros mais desenvolvidos, pode ser monitorizada através da mensuração dos níveis plasmáticos dos medicamentos. Está chegando-se perto da descoberta de marcadores biológicos que permitirão o diagnóstico mais preciso da doença. O teste da supressão da dexametazona e o tempo de latência do sono REM já são usados para se distinguir a depressão de outras doenças mentais (KPGIMA, 2010).
Restam muitos pontos obscuros sobre a depressão a começar pela sua delimitação, interna e externa. É provável a existência de várias formas de depressão com diferentes etiologias e evoluções, mas não se conseguiu ainda uma classificação com base científica. Até a clássica distinção entre depressão psicótica e neurótica é atualmente questionada. As depressões, com frequência, também se confundem com outras doenças mentais como, por exemplo, quadros de ansiedade. Apesar de comprovado, não se conhece o exato mecanismo de transmissão genética.
Segundo Schneider (1995), a neurotransmissão, a nível sináptico, continua sendo a área mais promissora no sentido de se desvendar os mecanismos fisiopatológicos subjacentes às depressões e os mecanismos de ação dos medicamentos. Todavia, apesar do intenso esforço científico, há talvez, mais dúvidas do que conclusões devido à complexidade dos sistemas neurotransmissores. As hipóteses iniciais de falta de noradrenalina ou de serotonina na sinapse foram substituídas pelas subsensibilidade dos receptores pós-sinápticos, mecanismo mais em acordo com o tempo de latência do efeito dos medicamentos antidepressores (14 dias). É de se prever que esse novo mecanismo vá, em breve, ser superado por outro ou por outros, dada a rapidez com que os conhecimentos se modificam nessa área. Tem havido progresso também, na explicação psico-social da depressão. Investigações com metodologia complexa e rigorosa, têm demonstrado a importância de fatores como número de filhos, perda do pai ou da mãe na infância e falta de uma relação afetiva íntima, na gênese das depressões.
As teorias bioquímicas que explicam o fenômeno da depressão estão descritas a seguir:


3.1.1 Genética


Há muitos anos existe evidência de um componente genético na etiologia de certos tipos de depressão. Inicialmente, a evidência era resultado de pesquisas epidemológicas, agora estas são combinadas com estudos sobre material genético em grupos como os AMISH e outras onde são apresentadas pelo menos 3 anormalidades genéticas (MULLAN, 1999). A transmissão genética não obedece a regras simples, sendo sujeitas a muitas outras influências ao longo da vida.


3.1.2 Neurotransmissores;


Anormalidades na transmissão de neurotransmissores como dopamina e serotonina têm sido apontadas como causa da depressão. As pesquisas iniciais destas teorias vêm da observação nos anos 50 do efeito antidepressivo de alguns remédios usados no tratamento de outras doenças, e os antidepressivos usados atualmente têm, em parte, a função de aumentar a neurotransmissão. Ainda não é a solução final, há muita controvérsia nesta área. Além da dopamina e serotonina, há um grande número de outros transmissores que podem ser associados como disfunção, por exemplo, a endorfina. A relação entre uma e a outra é muito complicada, não tendo sido esclarecida até hoje (NADAL-VICENS, 2014).

3.1.3 Anormalidade e falhas de conexões neuronais;


Estas teorias estão recebendo a atenção merecida. A proposta é que os axônios fazem conexões erradas em áreas específicas ou de forma mais generalizada, o que provoca problemas mais difusos. Até os 2 anos de idade, as crianças podem apresentar um grande número de axônios que com o tempo se desfaz naturalmente ou como também, em certas condições, são criadas situações favoráveis à doença mental (GOODMAN, 1999; JANOWSKY, 1996; SCHNEIDER, 1979).


3.1.4 Lateralização cerebral;


As pesquisas extensivas do professor Pierre Flor Henry (1993) indicam que há possibilidade de anormalidades em certas áreas cerebrais que levam a distúrbios mentais, por exemplo no hemisfério direito, a depressão monopolar. Também distúrbios de balanço e fluxo entre o hemisfério direito e esquerdo podem ser implicados.


3.1.5 Melatonina, SAD, Distúbios do Sono;


SAD (Seasonal affective disorder) é uma síndrome reconhecida de uma forma ou de outra há muito tempo, e com novas técnicas de pesquisa, voltou a ter importância. É caracterizada pela falta de energia, interesse, sonolência, aumento de apetite e depressão associada com a mudança das estações. A alteração da luz atinge o globo ocular em certas condições, por exemplo, no inverno prolongado das latitudes extremas, afeta o funcionamento da glândula pineal provocando alterações na secreção de melatonina, que é ligada com a atividade do sono. É notável que este tipo de depressão não apresente os mesmos sintomas de depressão endógena clássica em que há perda do apetite e sono interrompido; parece ligado às funções primitivas de hibernação (THOMPSON, 1998). Privação do sono também pode provocar outras mudanças, principalmente euforia. É interessante que, um dos efeitos dos antidepressivos é a inibição do sono REM. O efeito exato desta ação ainda não está esclarecido, mas é de suma importância.

3.1.6 Evidência de doenças físicas;


É reconhecido que, em algumas doenças físicas, a incidência de problemas mentais é maior. Hipo e hipertiroidismo estão associados a uma grande variedade de sintomas psicológicos, havendo pesquisa indicando que o chamado "rapid cycle" psicose maníaco-depressiva pode ser relacionado ao hipotiroidismo subclínico (COWDRY, 2002; EXSTEIN, 2002). Inúmeras outras doenças demostram associação com depressão, por exemplo: tumores cerebrais, deficiência de algumas vitaminas, distúrbios adrenais e até medicações usadas em tratamento de outras doenças podem precipitar um estado depressivo como tratamento de hipertensão arterial. Também nesta área há possíveis influências ainda não esclarecidas, como infecção "in útero", problemas durante o parto e infecções/traumas na infância.


3.2 A depressão na visão oriental;


A depressão é um mal que vem sendo amplamente combatido pela medicina moderna , seja através de medicamentos , seja através de auxílio psicoterápico.
Esse texto mostra uma visão geral da Medicina Tradicional Chinesa (MTC) sobre a depressão e vai também sugerir vias de tratamento para cada tipo de depressão. A MTC reconhece e trata de 5 tipos primordiais de depressão, relacionados diretamente com os 5 elementos do pentagrama.
Ferreira (1991) observa que pode existir a combinação entre os tipos de depressão aqui expostos. Essa combinação de tipos de depressão , por ser complexa demais para o que esse estudo se propõe, tem apenas um importante caso abordado nesse estudo. Apesar de ser um texto básico, o leitor o entenderá melhor se tiver conhecimentos básicos sobre a teoria dos 5 elementos, pois serão usados termos relativos à essa teoria.


3.2.1 Depressão água;


Esse tipo de depressão é reflexo de uma desarmonia no elemento Água. O "Espírito Guardião” da harmonia no elemento Água é denominado de "Zhi"(força de vontade). Zhi, que mora nos Rins (Shen) , representa: a raíz do Yin e do Yang, a essência, a iniciativa, o poder de decidir, a confiança.
Segundo Ferreira (1991), o paciente acometido por esse tipo de depressão apresenta as seguintes características:
- medo, fobias que podem não ter causa aparente (podem estar associadas a um trauma na infância que o paciente bloqueou na memória e não se lembra). Esse medo fica claro em situações de risco reduzido, onde somente aquele indivíduo hesita em encarar a tal situação. Por exemplo: numa caminhada ecológica em grupo ele é o único indivíduo a ter medo ou hesitar em atravessar um pequeno riacho que todos do grupo já atravessaram sem problema, até as criancinhas mais novas.
- Apatia;
- falta de iniciativa - "acho que não vou conseguir";
- falta de confiança na sua capacidade de resolver situações (de qualquer natureza);
- sensação de impotência, inclusive sexual, sem ter nenhum problema estrutural que justifique a causa (indivíduos fortes e bem alimentados que , ainda assim, sentem-se incapazes).
- podem ser pacientes que enfrentam problemas gênitourinários.
O paciente com depressão tipo água deve ser tratado através de fortalecimento e harmonização do elemento água. Os pontos indispensáveis são: R6, R3, R7.


3.2.2 Depressão Terra;


Reflexão, calma e simpatia compõem a base da matriz emocional do elemento Terra chamada de Yi. Esse tipo de depressão é um resultante da desarmonia do intelecto. Quando a energia do Baço-Pâncreas (Pi) é insuficiente ocorre o descontrole do intelecto, destruindo a calma e a claridade dos pensamentos. O “Espírito Guardião” do elemento Terra (chamado de Yi) sofre e perde a quietude.
O paciente com depressão Terra apresenta as seguintes características descritas na obra de Ferreira (1991):
- O paciente sente-se oprimido e pensa demais;

- Os sentimentos depressivos são acompanhados por confusão e preocupação excessiva;
- Os pacientes nesse estado tendem a desconectar-se da matriz emocional do elemento terra e podem tornar-se antipáticos, preocupados demais com os problemas alheios e com grande dificuldade de refletir sobre os seus próprios problemas e necessidades;
- Podem ser indivíduos que se mostram independentes, mas que no fundo são extremamente carentes de autonutrição e com o espírito pesado.
- Podem também apresentar dificuldade de concentração matemática e alguma relação forte, podendo ser de afinidade ou não, com o sabor doce.
Para tratar o paciente com depressão tipo Terra, é necessário fortalecer e harmonizar o elemento Terra. Os pontos que não devem ser desprezados no tratamento desse tipo de depressão são: E 36 e BP6.


3.2.3 Depressão Fogo;


Segundo Rabassa (2007) a depressão fogo envolve problemas afetivos ligados a rejeição e desapontamentos em relacionamentos interpessoais. Alegria, Amor e Razão compõem a base da matriz emocional do coração chamada de Shen. O Shen é responsável pelo sentido inato da harmonia e da perfeição. O Coração é o juiz supremo (“residência da mente”).
O paciente acometido de depressão, o tipo Fogo é caracterizado pela falta de alegria de viver, pouco entusiasmo, pouco interesse, falta de inspiração e capacidade de julgamento equilibrado. Eram pessoas “quentes e sensíveis” que se tornaram “frias e apáticas” ou , ao contrário, tornaram-se excessivamente “agitadas e hipersensíveis”.
Segundo Ferreira (1991), esse tipo de depressão é acompanhado por uma frieza e distância do paciente em relação a novos relacionamentos. Em casos muito extremos esse tipo de depressão pode gerar comportamentos maníaco- depressivos, maníaco sexuais e a loucura (perda total da razão, o shen não encontra verdadeira morada ).

Para tratar esse tipo de paciente, é necessário: restaurar o Shen; tonificar e relaxar o coração; equilibrar a razão. Os pontos que não devem ser esquecidos são: C5; C7; CS7 e CS8.


3.2.4 Depressão Metal;


De acordo com Lima (2013) esse tipo de depressão geralmente é decorrente de perdas materiais. A tristeza é a do Po (“residência da alma corpórea”): a matriz emocional do elemento Metal. Ter tristeza é bom, pois a tristeza nos leva à ACEITAÇÃO e a aceitação nos leva à expressão máxima do Po : A Reverência . O Po também é responsável pela proteção do indivíduo. Daí as relações entre o Pulmão, a pele (barreira defensiva) e a energia defensiva Wei.
O indivíduo que apresenta problemas no elemento Metal, geralmente está ou sente-se de alguma forma, desprotegido. A falta de proteção que gera a depressão Metal é relacionada a aspectos físicos e materiais. A morte de um parente querido, a perda de uma propriedade estimada, são exemplos corriqueiros de situações em que o paciente tem problemas em aceitar o inevitável ocorrido e é aí que inicia a desarmonia no elemento Metal, a ascensão maléfica da tristeza, geradora da melancolia e resignação. Os pacientes acometidos por depressão Metal podem se tornar excessivamente resignados, pessimistas, com sentimentos de remorso.
Para tratar esse tipo de paciente, é necessário reforçar o pulmão e cuidar das defesas e da alimentação. Pontos muito importantes são: P7; P9 e IG4.


3.2.5 Depressão Madeira;


Para Salvi (2014) As características básicas do Hun (“alma etérea”), matriz emocional elemento Madeira são a Movimentação e a Liberdade. A depressão Madeira é causada pela estagnação do Qi no Fígado, gerando frustração, sensação de opressão, de falta de movimento, desgosto e irritabilidade. A depressão Madeira geralmente é provocada por excesso de tensão e pressão. Ela fica evidente em situações de stress prolongado e também no fracasso.
Os pacientes com depressão tipo Madeira são pacientes que trabalha duro, são ambiciosos e que subitamente perdem a motivação e a direção, por terem sido por alguns motivos (geralmente o fracasso) forçados a abandonar uma ação (projeto, ambição, emprego, meta, etc...) muito desejada e assim perdem o sentido de viver. Esses pacientes podem apresentar quadros de colapso e prostração, perda de propósito de vida, falta de visão perspectiva (note que olhos e visão estão diretamente relacionados com o elemento madeira) de futuro.
Para tratar o paciente com esse tipo de depressão, é preciso tomar as seguintes medidas: escoar e reforçar o Qi do fígado e liberar a tensão. Os pontos importantes são F3 e VB 34.
Ainda, segundo o autor anteriormente citado, a depressão combinada Metal-Água é um caso grave de depressão, onde o paciente está debilitado em duas importantes matrizes emocionais: O Po (Metal) e o Zhi (Água). Consequentemente o paciente se apresenta sem vontade de viver, triste e vulnerável, o que geralmente leva a quadro de anorexia grave. O paciente pode ter medo de se alimentar, de sair de casa, de conversar e até de dormir. O mais importante de se ressaltar nesse tipo de depressão é a forma de tratamento. Ela deve ser conduzida com extrema cautela e deve visar, numa primeira etapa, reforçar o Po. Deve evitar imperiosamente fortalecer o Zhi, pois estaremos trazendo força de vontade e decisão a um paciente triste e desprotegido, o que normalmente leva à tendências suicidas.
Nessa primeira etapa, durante as entrevistas com o paciente, deve-se evitar frases do tipo "você precisa fazer alguma coisa para sair dessa", "você tem que reagir e se movimentar", pois essas também são frases motivadoras da vontade e que podem levar a pensamento suicida.
Macciocia (1996) ressalta que devemos nos ater aos pontos do Pulmão (P9, P7 e P11 principalmente) e usar frases do tipo "você deve se proteger", "você precisa voltar a se alimentar corretamente”, que são frases que estimulam o sentido de proteção. Pela lógica dos 5 elementos, ao fortalecermos o elemento Metal, naturalmente a energia irá escoar para o elemento Água e surgirá no paciente a vontade ( saudável ) de reagir . Quando isto ocorrer, podemos utilizar pontos de Rim , como R3, R6 e R7, para ajudar o paciente nessa etapa final.

4 O TRATAMENTO DA DEPRESSÃO ATRAVÉS DA ACUPUNTURA


4.1 Neurofisiologia da acupuntura;


A eletroacupuntura ativa o sistema supressor da dor. A estimulação repetida das terminações nervosas nos planos superficiais e profundos do corpo, que integram as vias dolorosas segmentares e suprasegmentares, aliviam a dor. Foi constatado que a estimulação elétrica da substância cinzenta periaquedutal mesencefálica produz analgesia semelhante à acupuntura, isto é, alívio da dor e manutenção das demais formas de sensibilidade (JIN, 2014).
Vários trabalhos da literatura especializada, como o “Tratado de Auriculoterapia” (SOUZA, 1996) e “Fundamentos da Medicina Chinesa” (MACCIOCIA, 1996), demonstram que a acupuntura alivia a dor aguda ou crônica na maioria dos casos, e que a repetição do procedimento resulta em elevação do índice de resultados satisfatórios.
Como o sucesso terapêutico da acupuntura é maior nos países do oriente em relação aos do ocidente, foi sugerido por alguns autores, que a eficácia deste método terapêutico seria decorrente de influências culturais, efeito placebo, efeito de contra irritação, sugestão ou hipnose.
Entretanto, a hipnose tem um mecanismo de ação que difere da acupuntura em vários aspectos: causa analgesia em pequeno número de casos, e quando isto ocorre, o seu efeito é de curta duração e não anulado por bloqueadores de receptores morfínicos. Enquanto que, a acupuntura é eficiente em grande número de casos, o seu efeito é prolongado e pode ser anulado por bloqueadores de receptores morfínicos. Além disso, apesar das controvérsias, a acupuntura produz elevação do limiar de dor em animais de experimentação, menos sensíveis às influências emocionais do que o ser humano. (MACCIOCIA, 1996).
Os trabalhos de Souza (1996) e Macciocia (1996) explicam que a acupuntura pode bloquear a aferência dolorosa, pelo menos, por dois mecanismos:
1. Inibição da atividade de neurônios transmissores de dor em nível medular, segundo mecanismo de comporta;
2. Inibição da aferência nociceptiva por meio da ativação de sistemas supressores de dor segmentares e suprasegmentares.
A transsecção da medula espinhal bloqueia o efeito da acupuntura sobre a dor. Este é mais um elemento para reforçar a participação de estruturas suprasegmentares, provavelmente localizadas no tronco encefálico, no mecanismo de ação da acupuntura.
Segundo Souza (1996), o impulso necessário para a ação da acupuntura origina-se no ponto de introdução das agulhas, uma vez que o efeito produzido por este método é bloqueado pela anestesia local ou regional. A estimulação das fibras do tipo II, que veiculam a sensibilidade proprioceptiva em nervos periféricos, parece ser necessária para que o índice de sucesso da acupuntura seja elevado. Estas fibras são discriminativas e podem interferir nos sistemas supressores de dor. Razão pela qual se aplicando a acupuntura durante um tempo maior, obtém-se analgesia mais intensa e prolonga-se a duração dos seus efeitos, que não cessam com a interrupção do estímulo. Esta observação reforça a possibilidade da participação de neurotransmissores no seu mecanismo de ação. Além disso, foi relatada a redução da atividade neuronal de núcleos talâmicos mediais e de núcleos do tronco encefálico e lentidão do traçado eletroencefalográfico durante sessões de acupuntura.
Experiências em modelos animais feitas por Thomas (1989) Collins (1993) e Wall (1994) APUD Souza (1996) demonstraram que o líquido cefalorraquidiano (LCR) de animais tratados por acupuntura causa analgesia em animais não tratados pela acupuntura. Estudos com circulação cruzada demonstram elevação do limiar de dor de animais tratados e não tratados pela acupuntura. Estes fatos sugerem que um fator humoral deva estar envolvido na analgesia produzida pela acupuntura.
A esse respeito, foi verificado que a administração de um bloqueador de receptores morfínicos (naloxona), anula o efeito da acupuntura, este fato indica a participação das vias endorfinonérgicas no fenômeno. Possibilidade confirmada quando se demonstrou que havia aumento da concentração de endorfinas no líquido cefaloraquidiano de doentes que se submeteram à acupuntura, foi reforçada ao se verificar que em animais com deficiência genética de receptores opióides, ou de endorfinas, a aplicação de acupuntura não produz analgesia (CHING, 2014).
Segundo Souza (1996), as vias serotoninérgicas também estão envolvidas na gênese da analgesia induzida pela acupuntura, pois se constatou o aumento da concentração de serotonina no LCR e nas estruturas neuronais do tronco encefálico inferior após aplicação de acupuntura. Foi também demonstrado que os bloqueadores serotoninéricos anulam a ação da acupuntura.
Em resumo, atualmente, admite-se que estímulos com intensidades e frequências diferentes são capazes de promover analgesia com características diferentes. Foi observado que a estimulação de alta intensidade e baixa frequência, similar àquela proporcionada pela acupuntura, é capaz de promover analgesia de longa duração, com efeitos cumulativos e reversíveis através da administração da naloxona, antagonista morfínico. Através deste tipo de estímulo, o eixo hipotálamo-hipofisário atuaria na liberação de beta-endorfina.
Estímulos com elevada frequência também elevam a concentração de serotonina e de seus metabólitos no LCR. Porém, a analgesia observada quando estímulos de alta frequência são utilizados é de curta duração e não reversível através da administração da naloxona.
Um dos aspectos mais intrigantes sobre os mecanismos de ação da acupuntura, para Souza (1996) é a existência dos numerosos pontos descritos para introdução de agulhas (pontos localizados nos meridianos), às vezes situado em segmentos do corpo distantes do local da dor. Muitos dos pontos meridionais de acupuntura coincidem com os dermatômeros onde a dor está sediada, localizando-se em regiões ricamente inervadas e onde há grande concentração de ponto-gatilho. Cerca de 71% e 80% dos pontos de acupuntura correspondem aos pontos-gatilho, ou a pontos motores dos músculos esqueléticos.
Nakatami (APUD Ferreira, 1996) demonstrou que os pontos de acupuntura correspondem a regiões do tegumento cuja resistência elétrica é baixa. Achados confirmados posteriormente por outros autores. Por outro lado, alguns autores, não acharam diferenças estatisticamente significantes entre os resultados obtidos aplicando os estímulos de acupuntura nos pontos meridionais e em pontos aleatórios da superfície do corpo. No entanto, outros autores discordam desses achados.
Apesar da controvérsia, recomenda-se que a estimulação seja realizada em pontos localizados nos dermatômeros onde a dor se localiza ou em pontos onde a resistência elétrica da pele está reduzida, e não necessariamente nos pontos clássicos dos meridianos orientais.
A melhora da dor, quando da aplicação de estímulos da acupuntura em pontos distantes dos dermatômeros referidos, é explicada por Ferreira (1991) pela dispersão e convergência das informações nociceptivas no sistema nervoso central e pelo mecanismo de influências recíprocas, que ocorre entre os centros medulares da nocicepção. Assim, nos núcleos da formação reticular do tronco encefálico, as células apresentam amplos campos receptivos, propiciando a convergência de informações de várias origens em um único corpo celular. Portanto, a estimulação elétrica é capaz de produzir analgesia em amplos territórios do organismo. Nestas eventualidades, é possível que os estímulos da acupuntura atuem sobre células de certas regiões da formação reticular do tronco encefálico e bloqueiem a sensibilidade dolorosa de grandes áreas do organismo e não necessariamente naquelas áreas onde a estimulação foi realizada.
Segundo Ferreira (1991), a acupuntura parece reduzir o tônus neurovegetativo simpático, resultando em melhora da perfusão periférica local e geral em seres humanos. Ensaios clínicos, através de estudos termográficos, demonstraram que doentes portadores de dor crônica apresentam menores gradientes de temperatura corpórea nas áreas afetadas, quando comparadas aos segmentos corpóreos correspondentes normais. Desta forma, a aplicação de estímulos de acupuntura em pontos distantes de área afetada, não somente promove o alívio da dor, como também o aumento da temperatura.
Pesquisas científicas recentes feitas por Ullet (1995) e Takeshigue (1995), ambas citadas na obra de Souza (1996) sobre a exceção de protooncogenes, com a proteína foscelular (c-fos), presente no núcleo de muitas células, revelam que estas possam ser utilizadas para mapear e analisar os circuitos neuronais na medula espinal e em várias regiões cerebrais ativadas por estímulos fisiológicos e farmacológicos. Determinadas estruturas neuronais são ativadas na presença de estímulos de baixa ou alta frequência. A imunorreatividade c-fos pode ser detectada em neurônios cerca de 20 a 90 minutos após a excitação neuronal e a sua expressão desaparece algumas horas após a cessação do estímulo. Estudos em animais de experimentação comprovaram que a expressão proteína c-fos no corpo posterior de medula espinal, provocada por estímulo nocivo, é suprimida por acupuntura de alta ou baixa frequência. Estudos uterinos demonstraram o mapeamento da distribuição dos núcleos da medula espinal e do tronco cerebral, que participam de gênese da analgesia pela acupuntura, dependendo do tipo de estímulo utilizado.

4.2 - Bases neuroquímicas da analgesia por acupuntura;


Os efeitos da acupuntura e da eletroacupuntura são mediados através de uma variedade de mecanismos neurais e neuroquímicos. As pesquisas realizadas no inicio da década de 70 inicialmente elas chegaram aos mecanismos para o efeito da anestesia por acupuntura. Estudos experimentais demonstram que este efeito pode ser transferido de um coelho para outro através da transfusão do líquido céfalorraquidiano (LCR). Outras investigações exploram o papel dos neurotransmissores centrais clássicos na mediação da analgesia por acupuntura, incluindo as catecolaminas e a serotonina. A disponibilidade de modelos animais, utilizando a latência da retirada do rabo do rato, por exemplo, com uma avaliação biológica, permite novos experimentos para explicar a base desses efeitos. Evidencia-se a liberação diferenciada de peptídeos opiáceos do sistema nervoso central (SNC) pela eletroacupuntura de acordo com o tipo de estímulo elétrico. A eletroacupuntura de 2Hz libera encefalinas e beta-endorfinas, enquanto que a estimulação de 100Hz seletivamente aumenta a liberação de dinorfina na medula espinal. A combinação de ambas a frequências permite uma interação sinérgica entre três peptídeos opiáceos endógenos e um efeito analgésico mais potente. Além disso, o tratamento sequencial em espaçamento de tempo adequado deve resultar em um efeito cumulativo de eletroacupuntura. A distribuição bimodal do efeito analgésico pode ser notada em um grande grupo de ratos que recebem eletroacupuntura (“maus respondedores” e “bons respondedores”). O mecanismo da baixa resposta pode ser explicado de duas maneiras: Uma menor taxa de liberação de peptídeos opiáceos no SCN, e uma taxa alta de liberação de CCK-8, que exerce efeitos anti-opiáceos potentes. Uma descoberta recente de peptídeos anti-opiáceo é a orfanina (SQ) que está relacionada com um controle de retro alimentação negativa da estimulação por eletroacupuntura (CHING, 2014).
Em humanos, o manuseio manual das agulhas inseridas em um ponto de acupuntura (LI 4) produz aumento significante no limiar de tolerância à dor tegumentar induzida pela iotonforese de potássio. A latência tardia, com período de indução de 30 minutos e a queda exponencial ( T1/2 = 16 minutos) sugerem o envolvimento de mecanismo humoral. (HAN, 1999).
A acupuntura ou a eletroacupuntura induzem o aumento na latência da retirada do rabo do rato (HAN, 1999) e o aumento na resposta de latência de escape (movimentos da cabeça fugindo de uma fonte de calor radiante) no coelho (HAN et al., 1999). Há evidências de modelos de analgesia por acupuntura em primatas.


4.2.1 Intensidade do estímulo;


O efeito antinociceptivo induzido pela eletroacupuntura demonstrou, tanto em ratos como em coelhos, uma relação intensidade-resposta. Os parâmetros da estimulação elétrica ( freqüência entre 2Hz e 100Hz, comprimento de pulso de 0,3ms e intensidade 1-3mA) conectada a uma agulha de aço inoxidável inserida no ponto de acupuntura são capazes de induzir a excitação de fibras Aa e b, parcialmente das fibras Ad assim como uma pequena proporção de fibras C. O acréscimo adicional na intensidade da estimulação pela eletroacupuntura que envolve mais fibras C, como no caso do controle inibitório nociceptivo difuso poderia aumentar a potência analgésica, porém a dor e o estresse gerados desse estímulo nociceptivo poderia prevenir o seu uso clínico. Foi relatado que o uso da capsaicina no bloqueio da transmissão pela fibra C no nervo ciático do rato não afeta a analgesia pôr eletroacupuntura de modo significante (ZANG et al., 1994), sugerindo que os aferentes primários de fibra C podem não ser essencial para a produção de analgesia convencional por eletroacupuntura. Portanto , as fibras Ab e Ad podem ser os componentes mais importantes das fibras aferentes que mediam os sinais de acupuntura para o sistema nervoso central no intuito de produzir um efeito anti-noceptivo. Foi demonstrado um estudo recente utilizando a expressão C-Fos como indicador da nocepção no corpo posterior da medula espinal do rato (ZHANG et al., 1994) que a expressão da C-Fos induzida pela farmalina nas camadas superficiais do corpo posterior podem ser praticamente abolidas através da aplicação tópica de capsaicina no nervo ciático. Sob as mesmas condições a disfunção das fibras C, a aplicação de eletroacupuntura em pontos das patas do rato ainda era capaz de induzir antinocicepção utilizando a retirada do rabo como um índice de nocicepção.


4.2.2 A especificidade do local do ponto de acupuntura;


A especificidade do sítio de acupuntura não deve ser supervalorizado quando se trata de analgesia. Não deixe ainda nenhuma evidência clara demonstrando que a estimulação de um ponto de acupuntura possa induzir uma analgesia sítio especificada em áreas remotas. Entre dez pontos diferentes de acupuntura testados em voluntários humanos utilizando a iontoforese de potássio para induzir dor experimental, o ponto LI 4 foi o mais eficaz para produzir um efeito analgésico geral, provavelmente devido a densa concentração de fibras nervosas Ab nesta área (LU, 1993). O mecanismo de comportas também deve estar envolvido na analgesia segmentar, induzida pela acupuntura, especialmente quando é aplicada no local de dolorimento (ponto “Ah-Shi” ou ponto Ah! Sim) (JIN, 2014).


4.2.3 Analgesia profunda por acupuntura no ato cirúrgico;


A extensão da analgesia pela acupuntura ou pela eletroacupuntura observada em animais de experimentação ou em humanos é importante, porém parcial. Em ensaios experimentais com ratos, a estimulação por eletroacupuntura com intensidade menor de 3mA promove um aumento na latência de retirada do rabo do rato de modo equivalente a 4 mg/kg (metade de uma dose máxima) de morfina. Em operações, o uso de eletroacupuntura em combinação com a anestesia geral ou epidural reduz em 50% o consumo de anestésicos (WANG et al., 1994). Os resultados sugerem que a acupuntura ou a eletroacupuntura são capazes de produzir um efeito analgésico substancial, porém não forte o suficiente para abolir completamente a dor aguda provocada pelo ato operatório.


4.2.4 Estudo de transfusão do líquido céfaloraquidiano;


O estudo da transmissão do líquido céfaloraquidiano foi realizado em 1972 e publicado em 1974 (GRUPO DE PESQUISA DE ANESTESIA POR ACUPUNTURA, 1974). Este estudo demonstrou que o efeito da analgesia por acupuntura obtido em um coelho poderia ser transferido para outro coelho através da transfusão do líquido céfalo raquidiano (LCR). Esta foi a primeira evidência cientifica que sugeria o mecanismo neuroquímico como mediador da anestesia por acupuntura. Esse achado desencadeou uma série de estudos para explorar o papel dos neuro transmissores centrais na mediação da analgesia por acupunntura, entre eles a serotonina (HAN et al., 1979) e as catecolaminas ( HAN et al., 1999). De fato, os agentes químicos que aumentam a disponibilidade de serotonina na fenda sináptica, como por exemplo, a clorimipramina, potencializa de modo significante a analgesia por acupuntura em procedimentos operatórios com extração dentária.
Um dos mecanismos mais importantes da analgesia mediada pela eletroacupuntura é a aceleração na liberação de peptídeos opiáceos no sistema nervoso central que interagem com receptores opiáceos na indução de um efeito antinociceptivo. O principal achado foi o de que a eletroacupuntura de 2Hz deflagra a liberação de encefalinas e de beta endorfina do cérebro e na medula espinhal, que interagem nos receptores opiáceos ?s e d no sistema nervoso central, enquanto que a estimulação de 100Hz seletivamente aumenta a liberação de dinorfina na medula espinhal para interagir com os receptores opiáceos k no corno posterior da medula espinhal (WANG;1994). Este fenômeno originalmente demonstrado em ratos e coelhos também foi evidenciado em humanos (HAN et al., 1999). Novos estudos revelam que quando baixas (2Hz) e altas (100Hz) freqüências são utilizadas consecutivamente com duração de 3 segundos, então todos os três tipos de peptídeos opiáceos (encefalinas, endorfinas e dinorfinas) podem ser liberadas simultaneamente. A interação sinergística entre esses três peptídeos opiáceos endógenos produz um efeito analgésico mais potente (CHEN et al., 1994). Estudos recentes revelam que a estimulação de 2 e 100 Hz utilizam diferentes vias nervosas para mediação do seu efeito analgésico (WANG 1994).


4.2.5 - Tolerância à eletroacupuntura durante estimulação prolongada;


A duração ótima da estimulação por eletroacupuntura é de 30 minutos, período de indução necessário para o desenvolvimento pleno da analgesia por acupuntura em humanos. Por outro lado, a estimulação por mais de uma a duas horas pode resultar em uma redução gradual do efeito analgésico. Isto pode ser comparável com o desenvolvimento da tolerância à morfina quando múltiplas injeções são administradas em curtos intervalos de tempo, daí o termo tolerância à acupuntura (HAN et al., 1999).
Um achado interessante é o de que ratos que se tornaram tolerantes à eletroacupuntura de 2Hz ainda reagem à de 100 Hz, e vice e versa. Isto é compreensível porque a analgesia por 2Hz e 100 Hz são mediados por tipos diferentes de receptores opiáceos. Os do tipo M e S são ocupados pelas encefalinas e pelas endorfinas nos estímulos de baixa frequência, e receptores Kapa pela dinorfina na eletroacupuntura de alta freqüência (HAN, 1999). Os mecanismos para o desenvolvimento da tolerância por acupuntura são vários:
1. Nas sessões repetidas de eletroacupuntura aceleram a liberação de peptídeos opiáceos que deflagram a auto regulação da expressão gênica dos seus receptores em áreas cerebrais identificadas.
2. A liberação de uma grande quantidade de peptídeos opiáceos no SNC induz à liberação de outro neuropeptídeo, o octapeptídeo colecistoquinina (CCK-8), que antagoniza o efeito dos primeiros (ZHOU et al., 1993). Realmente, o desenvolvimento de tolerância à eletroacupuntura pode ser postergado pela administração central de um antagonista do receptor de CCK denominado L-365260, ou por um anticorpo contra a CCK.


4.2.6 Maus respondedores X bons respondedores para analgesia por acupuntura.


Quando um grande grupo de ratos, maior do que 100 recebem uma sessão padronizada de eletroacupuntura, nota-se facilmente uma distribuição bimodal do seu efeito analgésico. Um grupo demonstra um aumento na resposta de retirada do rabo em não mais que 50% (maus respondedores) e o outro demonstra o aumento de latência da retirada do rabo de 50% a 150% (bons respondedores). Esse fenômeno é reprodutível, em pelo menos dois dias. Interessante notar que os maus respondedores para a eletroacupuntura também o são para pequenas doses de morfina (3mg/kg) e vice- versa (TANG et al., 1997).
Os mecanismos envolvidos podem ser demonstrados de duas maneiras: uma baixa taxa de liberação de peptídeos opiáceos no SCN e uma alta taxa de liberação de CCK- 8 que é um potente antiopiáceo. Um rato mau respondedor pode se tornar um bom respondedor pela injeção de RNA anti-soro para CCK intra cerebral com o objetivo de bloquear a expressão do gene codificado para CCK (TANG et al., 1997). Outra maneira é a administração de um antagonista do receptor de CCK-8 (L365260) (TANG et al., 1997). Por outro lado, uma raça de ratos dominados P77 PMN, que são altamente susceptíveis à altura audiogênica, são bons respondedores à analgesia por eletroacupuntura. Estes ratos apresentam altos níveis de beta-endorfina e um baixo nível de CCK no SNC (ZHANG et al., 1994). Além disso, o balanço dinâmico entre os peptídeos opiáceos e os peptídeos anti-opiáceos no sistema nervos central parece ser o fator mais importante na determinação da efetividade analgésica da eletroacupuntura.
Deve ser efetivado, entretanto, que a CCK-8 é apenas um dos membros da família dos antipeptídeos opiáceos. Um novo membro foi recentemente descoberto e é denominado orfanina (OFQ), um peptídeo de 17 aminoácidos. O fato da OFQ funcionar com um outro mecanismo auto-regulador da analgesia por eletroacupuntura é evidenciado por um achado recente de que o bloqueio na sua expressão gênica pela administração de um RNA anti-soro OFQ produz um aumento dramático na analgesia induzida pela acupuntura (Internacional Narcotic Research Conference, 2 a 15 de julho de 1996 Long Beach, USA) (JIN, 2014).


4.2.7 Tratamento múltiplo de acupuntura com o espaçamento apropriado pode resultar no seu efeito cumulativo.


Alguns autores apontam que o efeito terapêutico produzido por tratamentos múltiplos de acupuntura realizados uma vez por semana é melhor do que uma vez por dia. Em ratos normais, comparou-se o efeito analgésico obtido pela eletroacupuntura realizada uma vez ao dia, uma vez a cada quatro dias, e uma vez a cada sete dias, apresentava a tendência de obtenção de resultados cada vez melhores. Concomitantemente ocorre o número gradual na concentração de monoaminas no perfusato espinhal. Já no regime de uma por dia, havia uma redução gradual de efeito analgésico, com o desenvolvimento da tolerância (HAN et. al. 1999). Entretanto, em ratos com artrite induzido experimentalmente, o tempo ótimo de espaçamento para a obtenção dos melhores resultados terapêutico é diferente daqueles observados em ratos normais. Esta constatação depende do modelo patológico utilizado, merecendo maiores investigações.
O uso de metodologia é absolutamente essencial para o esclarecimento das bases científicas da terapêutica com acupuntura. Pesquisas na fisiologia da acupuntura contribuem para o desenvolvimento da neurociência, desde o nível molecular até ao comportamental. Questões que surgem na prática clínica são fontes valiosas para a pesquisa básica dos mecanismos de ação da acupuntura. Estudos de alta qualidade científica irão certamente pavimentar os caminhos para a aceitação do seu uso em benefício do paciente que sofre de depressão. (HAN, 1994).


5. CONSIDERAÇÕES FINAIS;


Dentro de tudo que foi pesquisado sobre a depressão, percebe-se que é uma patologia que envolve discussões sobre hereditariedade, fixações psicológicas adquiridas nos primeiros anos de vida, e traumas emocionais. Nota-se que é preciso que diversas técnicas sejam utilizadas. Cada técnica tem a sua área de atuação específica com os seus resultados específicos. A Acupuntura trata corpo, mente e espírito. Porém, não é aconselhável usar a acupuntura como técnica única no tratamento da depressão, mas a acupuntura pode ser de uma enorme valia para a recuperação do paciente, atuando como tratamento complementar para a mesma.
Os depoimentos apresentados neste trabalho mostram que a conscientização e o tratamento da doença é muito delicado e, envolve não só o dependente, mas todas as pessoas com quem convive. Estes podem facilitar ou dificultar o processo de aceitação através de sua compreensão ou preconceito. É de fundamental importância ter claro que a depressão é uma patologia grave que envolve vários processos em seu tratamento; processos estes que precisam ser compreendidos para que possam ser tratados adequadamente.
Depois do que foi estudado sobre a acupuntura como complemento no tratamento da depressão, conclui-se que muito pode ser economizado nos tratamentos convencionais, muitos efeitos colaterais podem ser amenizados e o aumento da força de vontade do paciente tornará mais fácil sua recuperação, com menor sofrimento, através da acupuntura, pois a mesma, é uma ciência experimental cuja finalidade consiste na cura de doenças e na busca do equilíbrio do organismo e a comunidade científica agora aceita amplamente que a Acupuntura produz mudanças fisiológicas no corpo humano. Conclui-se também, que a Acupuntura promove o equilíbrio físico (biológico) e mental, aumentando a produção de endorfina e serotonina, responsáveis pela sensação de bem estar, sem agredir o corpo e a mente, ajudando, portanto, no tratamento da depressão, haja vista, a mesma apresentar estado de alteração das emoções e do ânimo, que leva a alterações físicas, emocionais e mentais.

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