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ARTIGO - EFEITOS DA ACUPUNTURA NA LOMBALGIA

 

LILIANE DE OLIVEIRA CARDIM FLORIDO

 

EFEITOS DA ACUPUNTURA NA LOMBALGIA

Macaé/2014

Monografia apresentada à Universidade Vicentina como requisito parcial para obtenção do título de Pós-Graduação em Acupuntura e Eletroacupuntura.

Orientador: Mestre Sérgio Soares

RESUMO

O presente estudo tem por objetivo levantar dados que comprovem a eficácia da acupuntura no tratamento de lombalgia. A lombalgia é um tipo de dor que pode ter diferentes causas. No Ocidente, a acupuntura é essencialmente um tratamento para doenças benignas, doenças crônicas e desordens músculo-esquelético. As queixas mais frequentes em consultórios ocidentais inclui a lombalgia. Para tal estudo foi realizada uma pesquisa qualitativa, o método descritivo e tipo bibliográfico. A acupuntura em tempos remotos não era vista com bons olhos pela medicina, mas a partir da década de 70 ganhou espaço, pois ficou comprovada que a mesma aliviava dores crônicas A comunidade científica agora aceita amplamente que a Acupuntura produz mudanças fisiológicas no corpo humano. Conclui-se que o estudo relata evidências de que a acupuntura, associada a outras terapias convencionais, alivia a dor e promove melhora funcional mais eficaz que os tratamentos caracterizados pelas terapias convencionais.

Palavras-chave: Efeitos. Acupuntura. Lombalgia

ABSTRACT

This study aims to collect data showing the efficacy of acupuncture in the treatment of low back pain . . Low back pain is a type of pain that can have different causes . In the West , acupuncture is essentially a treatment for benign diseases , chronic diseases and musculoskeletal disorders . The most common complaints include offices in western lumbago . For such a study was conducted , the descriptive method and bibliographical . Acupuncture in ancient times was not seen with good eyes by medicine , but from the 70s gained ground because it was proven that it relieved chronic pain The scientific community now widely accepted that acupuncture produces physiological changes in the human body . The study also reports evidence that acupuncture , combined with other conventional therapies , relieves pain and promotes more effective functional improvement that treatments characterized by conventional therapies.

I- INTRODUÇÃO

 

            O presente trabalho tem como tema Efeitos da Acupuntura na Lombalgia. A lombalgia é um tipo de dor que pode ter diferentes causas. Frequentemente, o problema é postural, isto é, causado por uma má posição para sentar, se deitar, se abaixar no chão ou carregar algum objeto pesado. Outras vezes, a lombalgia pode ser causada por inflamação entre outras etiologias.

O objetivo desse estudo é analisar os efeitos da acupuntura na lombalgia. Os efeitos da acupuntura são mediados através de uma variedade de mecanismos neurais e neuroquímicos.

A frequência de dor lombar é maior em indivíduos sedentário e também, aquele que executam trabalho pesado e repetitivo, devido receber uma carga excessiva na coluna vertebral.

No Ocidente, a acupuntura é essencialmente um tratamento para doenças benignas, doenças crônicas e desordens músculo-esquelético. As queixas mais freqüentes em consultórios ocidentais incluem: lombalgia, artrite, cefaléia, asma, ansiedade, fadiga, desordens menstruais e digestivas. Assim como as indicações de tratamento, os objetivos terapêuticos da acupuntura são amplos: promover analgesia, recuperar funções motoras, normalizar funções orgânicas e ativar processos regenerativos. Pode-se, ainda, modular a imunidade, as funções endócrinas, autonômicas e mentais (CARNEIRO, 2002).

            Segundo Guic et al. (2002) a lombalgia pode ser classificada em: dor lombar inespecífica, dor radicular e dor lombar que apresenta patologia espinhal.

O National Institute of Health Norte-Americano, reconheceu a eficácia da acupuntura no tratamento de diversos estados clínicos, como dor, náuseas e entre outras patologias, e a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a utilização da acupuntura em 80 afecções ou condições clínicas, incluindo dor. (BRAZIL et al, 2001).

             Conforme Bernard (1993), a lombalgia pode ser definida como sendo um sintoma referido na altura da cintura pélvica, podendo ocasionar proporções grandiosas. O seu diagnóstico é simples, visto que geralmente o quadro clínico da mesma é constituído por dor, incapacidade de se movimentar e trabalhar.

            O conceito de dor lombar é importante, visto que um desequilíbrio mecânico das estruturas da coluna vertebral atua como fator nocivo sobre elas mesmas. As estruturas que compõem a unidade anátomo-funcional do segmento lombar apresentam inervação nociceptiva, com exceção do núcleo pulposo e de algumas fibras do anel fibroso (CECIN et al., 1991).

Na vertente da Medicina Chinesa a lombalgia é uma manifestação de um desequilíbrio energético. As causas desse desequilíbrio, na maior parte das situações, devem-se a uma deficiência de energia ao nível do rim ou do fígado no caso das lombalgias crônicas ou persistentes, ou a uma estase de sangue, no caso

das lombalgias de origem traumática, ou muitas vezes a uma combinação de todos estes fatores (Clínica de Medicina Tradicional Chinesa –Lda,  2013).

Diante das complexidades que envolvem a questão, torna-se possível a proposição quanto à questão problema: De que modo a acupuntura colabora no tratamento da lombalgia?

Os benefícios oferecidos pelo tratamento da acupuntura, em especial no que diz respeito à dor têm sido significativamente divulgados na atualidade. A dor é a queixa principal da maioria dos pacientes em ambulatórios e, a acupuntura se apresenta como uma modalidade terapêutica alternativa ou mesmo complementar aos tratamentos convencionais (YAMAMURA, 2004).

Este estudo constata que a acupuntura como método não invasivo de tratamento, com poucas complicações, é uma opção terapêutica promissora para dor lombar, principalmente quando associada com sintomas radiculares.

            O presente trabalho justifica-se pela necessidade de se estar buscando questionamentos que apresente e fundamente a eficácia da acupuntura na lombalgia.

            As informações por meio da leitura do material bibliográfico selecionado e disponível na literatura foram utilizadas para a coleta dos dados de onde foram retiradas informações para fundamentar a presente pesquisa.

Embora os resultados sejam satisfatórios, os autores recomendam pesquisas posteriores para aquilatar a eficácia da acupuntura como tratamento para o alívio da dor em patologias de estado crônico, tendo como exemplo a dor lombar.

Como pressuposto teórico acerca da temática em apreço será apresentado uma média de quarenta citações teóricas, destacando-se: Ferreira (1991), Souza (1996), Maciocia (1996), Han (1999), Ranney (2000), Waddell (2004), dentre outros.

O primeiro capítulo versará sobre A Medicina Oriental e a utilização da acupuntura, o segundo refere-se ao tratamento da lombalgia através da acupuntura e o terceiro está voltado para estudos que comprovam a eficácia do tratamento por meio de acupuntura em lombalgias.

 

2. METODOLOGIA

Com a finalidade de salientar a importância do posicionamento do terapeuta no tratamento da lombalgia através da acupuntura este estudo trará como base uma abordagem qualitativa, o método descritivo e tipo bibliográfico.

A investigação qualitativa trabalha com valores, crenças, hábitos, atitudes, representações, opiniões e se adéqua a aprofundar a complexidade de fatos e processos particulares e específicos a indivíduos e grupos. Acerca da abordagem qualitativa, Minayo (2003, p. 21) afirma que:

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.

Partindo dessa abordagem qualitativa que se faz ampla, com riqueza de detalhes, flexível e capaz de se adequar ao que se propõe a pesquisar, deixando o profissional livre para entender não somente a razão pelas quais determinadas normas e técnicas não são postas em prática no dia a dia, mas para investir na renovação de métodos e de conscientização que façam voz frente ao terapeuta em relação ao assunto.

O método utilizado para realização deste trabalho será o descritivo, que será utilizado para identificar os principais fatores ou variáveis que existem numa dada situação ou comportamento, e tem como finalidade principal, fornecer uma caracterização precisa das variáveis envolvidas num fenômeno. “Embora definida como descritivas a partir de seus objetivos, acabam servindo mais para proporcionar uma nova visão do problema” (GIL, 1996, p.44).

Embasadas na capacidade de observação do terapeuta sobre a problemática proposta espera-se encontrar eficácia nos cuidados prioritários para que o tratamento da lombalgia possa ocorrer dentro de um ambiente terapêutico, contemplando a segurança do paciente e a humanização do cuidado.

Utiliza-se a tipologia bibliográfica, que segundo Cervo e Bervian (2002, p.64) “busca conhecer e analisar as contribuições culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema”, permite um embasamento teórico-científico necessário para a construção deste trabalho.

Pesquisa bibliográfica é a atividade de localização e consulta de fontes diversas de informações escritas, para coletar dados gerais ou específicos a respeito de um tema. Usa-se como fonte de pesquisa publicações impressas ou digitais em forma de livros, dicionários, enciclopédias, periódicos, resenhas, monografias, dissertações, teses, apostilas, boletins somados a uma análise minuciosa desse material pesquisado, com o intuito de recolher informações e conhecimentos acima do que se procura através de embasamento científico, que descreve fatores em cima das ciências humanas atualizadas com experimentação técnica no assunto.

Os sujeitos da pesquisa, portanto serão de fontes tais como livros, manuais do Ministério da Saúde, bibliografias, monografias, revistas específicas e as citações científicas aparecerão nos elementos textuais, ao longo do desenvolvimento do trabalho.

A análise de dados ocorrerá a partir de minucioso levantamento no material pesquisado.

 

Capítulo I

 

A MEDICINA ORIENTAL E A UTILIZAÇÃO DA ACUPUNTURA

1.1.  História da Acupuntura

 

             Segundo Ferreira (1991), a acupuntura introduziu-se no Ocidente já algumas décadas. Ainda assim, os conhecimentos difundidos a seu respeito através da mídia, de publicações diversas e de pessoas conhecidas são tão incorretos que chegam a comprometer a imagem dessa especialidade médica, além de interferir no bom tratamento.

No Brasil, a Acupuntura tornou-se mais conhecida com a entrada dos imigrantes orientais, que começaram a utilizá-la cotidianamente. No ano de 1958, ela começou a ser ensinada para profissionais da área da saúde por um ocidental que foi à China para estudar Medicina Tradicional Chinesa (ROSSETTO, 2012).

O Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional, em 1985, foi o primeiro Conselho a habilitar os fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais para a prática de Acupuntura e, a partir dessa data, outros Conselhos fizeram o mesmo. Em 1986, o Conselho Federal de Biomedicina reconhece Acupuntura como uma de suas especialidades. Em 1995, o Conselho Federal de Medicina reconhece a Acupuntura como uma de suas especialidades, e o Conselho Federal de Biomedicina reafirma a resolução de 1986, publicando normatização da prática da Acupuntura (ROSSETTO, 2012).

Tratando de centenas de pessoas há mais de 15 anos, o médico Hong Jin Pai, pós-graduado em Acupuntura nos Hospitais de Pekim, na China, vê a necessidade de se criar um veículo de comunicação que transmita informações corretas sobre o tratamento pelo método da Acupuntura àqueles que a desconhecem. A falta de conhecimentos científicos, além de interferir no adequado tratamento, traz como a imagem equivocada da Acupuntura perante a sociedade.

De acordo com Souza (1996), o ser humano faz parte da natureza, é uma pequena unidade do Universo e seu estado de saúde tem íntimas relações com o meio ambiente. Esse é o princípio básico da Acupuntura, praticada pelos chineses há mais de 5000 anos. Trata-se de uma ciência experimental cuja finalidade consiste na cura de doenças e na busca do equilíbrio do organismo. Inicialmente foi praticada pressionando-se algumas regiões do corpo por meio de instrumentos contundentes como lascas de pedra, espinhas de peixe, etc. Foi por volta do século VII A.C. que se introduziu metais como ouro, prata, latão e ferro, anteriores às atuais agulhas de aço inoxidável.

Do século IV A.C. se conhecem os primeiros registros das sistematizações da filosofia de vida na antiguidade chinesa que leva em conta a observação de fenômenos naturais na orientação na conduta humana, resumindo em dualidade: dia/noite, calor/frio, expansão/contração.

Segundo Maciocia (1996), esses conceitos filosóficos foram incorporados à Medicina de Acupuntura, explicando-se assim as causas das doenças e o mecanismo de cura. Os primeiros livros que se tem em conta sobre a matéria são os dois volumes de "Huan Di Nei Ching". Baseada na sustentação técnica recebeu desses livros, a Acupuntura evoluiu, e foi notavelmente, aperfeiçoando-se cada vez mais.

Bem mais tarde, no século V, a Acupuntura foi levada a Coréia e, dois séculos depois para o Japão. No século XVII, o conceito da Medicina Chinesa foi traduzido e levado para a Alemanha e França, onde influenciou fortemente as especialidades de Homeopatia e Medicina com Ervas que, como a Acupuntura possui pressupostos bastante enraizados na cultura popular. Exemplos: "Enxaqueca é causadas por problemas de fígado" ou "Mal-estar implica em disfunção de vesícula" ou "Tontura decorre de sangue quente na cabeça" (AUGUSTO, 2013).

Para Macciocia (1996), as observações dos antigos chineses a respeito de alternância entre dia e noite, cheio e vazio, claro e escuro etc., levaram a concepção da teoria dos opostos Yin e Yang, duas forças complementares. Yin corresponde ao frio, à umidade, à imobilidade e Yang ao calor à mobilidade e ao aspecto, "seco". No organismo, Yin é o corpo físico e Yang é a mente. Para alcançar a saúde em harmonia Yin e Yang devem estar em equilíbrio, ou seja, corpo e mentes precisam estar saudáveis. Em contrapartida, quando Yin e Yang estão em desequilíbrio, o ser humano estará doente.

De acordo com a teoria citada acima, na época do inverno ou das chuvas, o frio (Yin) obstrui a circulação de sangue, aumentando as dores. Umas das técnicas utilizadas pela Acupuntura é a de Moxabustão ou queima de moxa espécie de fibras formadas depois da secagem da planta artemísia. Esta, ao produzir calor (Yang) local neutraliza o frio (Yin), restabelecendo o equilíbrio. (AUGUSTO, 2013)

 

1.2. O crescimento da acupuntura no mundo

            Quando Sung J. Liao organizou um curso de Acupuntura para médicos americanos em 1972, ele o fez secretamente porque, disse ele: "não queríamos que a mídia soubesse e interpretasse mal". Alguns meses depois, ele foi ameaçado de demissão se usasse a Acupuntura no hospital em Connecticut, onde trabalhava. A seguir, um colega médico o levou à Sociedade Médica do Estado, acusando-o de "autopropaganda", por causa de uma citação em um artigo do jornal sobre a Acupuntura (Revista Época, julho de 2003, p. 16).

Naqueles tempos, "um médico iria lhe dizer que você estava fora de si, que você era louco", disse Liao, professor de Clínica Cirúrgica da Escola de Odontologia da Universidade de Nova York. Naqueles dias, a prática da Acupuntura "poderia ser motivo para perder sua licença (médica)", relembra o médico chinês (Idem, p.16).

A Acupuntura é citada agora na lista telefônica através de todo o país. Cerca de 10.000 acupunturistas e 3.000 médicos têm o certificado para executar essa antiga arte chinesa. Trinta Estados, incluindo Maryland, Virginia e o Distrito de Columbia, legalizaram a Acupuntura. Mais de vinte escolas de Acupuntura foram aprovadas pelo U.S. Department of Education. Em fevereiro, a Food and Drug Administration classificou as agulhas de Acupuntura como um instrumento médico, facilitando o caminho para a terapia, que já é aplicada em milhões de americanos, ser coberta pelos planos de saúde (Idem. P. 17).

De fato, a Acupuntura tem trilhado um longo caminho desde sua introdução nos Estados Unidos em 1971, quando o repórter do New York Times, James Reston, descreveu para os leitores como os médicos em Beijing aliviaram suas dores abdominais pós-cirurgia com as agulhas. Desde essa época a Acupuntura tem ganhado uma maior aceitação em razão de sua eficácia para aliviar as dores crônicas, a artrite, as náuseas pós-cirurgias, a enxaqueca e a fadiga. Para milhões de pessoas, não há dúvidas de que ela funciona (Idem. P. 17).

Mas um grande mistério continua a desconsertar até os mais fervorosos defensores da Acupuntura: como e por que essa terapia de 2000 anos funciona?

Esse mistério levou, recentemente, os pesquisadores dos Estados Unidos, França, China e Canadá a Arlington para uma conferência intitulada "A Fisiologia da Acupuntura". O encontro, o primeiro do gênero naquele país, foi patrocinado pela Americam Academy of Medical Acupuncture, uma organização com sede em Los Angeles, representando os médicos que realizam Acupuntura e o National Institute on Drug Abuse (NIDA). O diretor do National Institute of Health’s Office of Complementary and Alternative Medicine, Wayne B. Jonas, foi o palestrante principal ( Revista Época, julho de 2003, p. 18).

Durante três dias, um grupo de diversos especialistas avaliou as figuras brilhantes do fluxo sanguíneo no cérebro dos pacientes agulhados. Eles viram um slide de uma vaca sendo submetida placidamente a uma cirurgia sem anestesia, mas totalmente agulhada. Eles ouviram as explicações ultratécnicas sobre os "campos bioeletromagnéticos do corpo e sobre as qualidades elétricas da pele nos pontos de Acupuntura”. (Idem, p. 18)

Mas não se chegou a um consenso sobre a forma como a Acupuntura age no corpo humano ou sobre a sua eficiência comparada aos outros tratamentos.

Entretanto, os cientistas e os médicos ocidentais têm ganhado uma melhor compreensão da Acupuntura e de seus efeitos terapêuticos. Até esta data, algumas teorias são rapidamente desconsideradas nas mais sérias discussões sobre terapias. Primeiro, ela não é "mágica". Segundo, a maioria dos cientistas concorda que a Acupuntura não age como a hipnose; eles citam que ela tem aliviado a dor nos animais, que não podem ser hipnotizados (VITALVET, 2013).

A comunidade científica agora aceita amplamente que a Acupuntura produz mudanças fisiológicas no corpo humano. Essas mudanças incluem alterações na pressão sanguínea, nas atividades elétricas cerebrais e no tálamo, uma parte do cérebro que processa os impulsos nervosos da dor, da temperatura e do tato.

Na conferência, Abass Alavi, diretor de Medicina Nuclear da Escola de Medicina da Universidade da Pensilvânia, citado na revista Época (jul/2003), apresentou as imagens resultantes do escaneamento do cérebro dos pacientes agulhados. "Nós medimos o fluxo cerebral antes e imediatamente após o tratamento por Acupuntura" (Revista Época, jul/2003, p. 18), disse o parceiro de Alavi, David Mozley. "Nós encontramos um aumento significativo do fluxo sanguíneo para o tálamo após o tratamento... mostrando que a Acupuntura produz efeito sobre o cérebro, particularmente sobre o tálamo, que tem um papel importante no processamento da informação sensitiva” (Revista Época, jul/2003, p. 18-19), acrescentou ele.

A reação fisiológica mais extensivamente pesquisada na Acupuntura tem sido a liberação de substâncias no cérebro conhecidas como endorfinas. Estima-se que haja cerca de 40 neuropeptídeos, ou neurotransmissores, no sistema nervoso humano; as endorfinas pertencem a um subtipo de neuropeptídeo chamado opióide. Os três opióides são "irmãos" — endorfinas, encefalinas e dinorfinas — são partes integrais do mecanismo natural de supressão da dor (http://simaosoliveira/2013).

A aspirina, a meditação e o exercício são deflagradores da liberação de endorfina. O famoso "runner’s high" (bem-estar do corredor) é o resultado da endorfina desencadeada pelo exercício. Nestas últimas duas décadas, os resultados dos experimentos têm confirmado que a Acupuntura também estimula as endorfinas a agir, como Bruce Pomeranz, do Departamento de Zoologia da Universidade de Toronto, lembrou a seus colegas conferencistas (http://simaosoliveira/2013).

Os cientistas especulam que as agulhas de Acupuntura, através do seu movimento rotatório ou pela transmissão de corrente elétrica, estimulam os nervos periféricos dos músculos. Esses nervos mandam mensagens para o cérebro para liberar as endorfinas, que então fazem seu trabalho impedindo as mensagens da dor de chegarem ao cérebro.

"É difícil refutar o argumento de que é a condução neural e não o fluxo de algo não identificável (Qi) o responsável pela transmissão da informação na Acupuntura" (Revista Época, jul/2003, p. 19), escreveu um dos palestrantes da conferência, Owen Wilson, professor assistente de medicina do Colégio de Medicina de Houston. "Não foi encontrada nenhuma boa evidência de estruturas especiais que tenham correspondência com os pontos de Acupuntura dos meridianos" (idem, p. 19), acrescentou Wilson.

"Não tenho evidências para os meridianos ou canais. Eu estudo sobre as bases da neurociência" (idem, p. 19), disse Ji Sheng Han, professor de fisiologia e diretor do Centro de Pesquisa em Neurociência da Universidade Médica de Beijing. Han discutiu o seu trabalho, que é parcialmente financiado pelo NIDA, mostrando que diferentes níveis de estímulos elétricos estimulam diferentes opióides. Quando as agulhas são giradas lentamente ou ligadas a estímulos elétricos de baixa freqüência, as encefalinas e as endorfinas são liberadas. Quando uma freqüência maior (100 Hertz) é usada, as dinorfinas são ativadas. Portanto, nós temos fortes evidências de que diferentes frequências estimulam diferentes (neuro) peptídeos, disse Han numa entrevista citada pela Revista Época (p. 19). Quando um acupunturista ou terapeuta faz um movimento de vaivém que varie entre alta e baixa frequência, liberando todos os três opióides, produz-se o efeito analgésico mais recente.

A liberação Acupuntura-opióide foi descoberta logo após a identificação das endorfinas nos anos 70. Desde então as pesquisas sobre Acupuntura, de acordo com a maioria dos participantes da conferência, têm apenas feito avanços incrementais no entendimento dos seus efeitos no cérebro. "Nos últimos 20 anos, não creio que tenha havido uma mudança fundamental na compreensão da Acupuntura e várias pesquisas têm trazido uma melhora em termos de qualidade", disse Wilson. "Não houve uma mudança maior de paradigma." (idem, p. 20)

Diante de tudo que já foi exposto, vê-se que a acupuntura é uma técnica milenar que com o passar dos anos mostra cada vez mais sua eficácia em prol do restabelecimento da saúde do ser humano.

 

Capítulo II

 

O TRATAMENTO DA LOMBALGIA ATRAVÉS DA ACUPUNTURA

 

              Geralmente a dor lombar decorre de um conjunto de causas que envolvem fatores sócio-demográficos (idade, sexo, estado civil, escolaridade, renda mensal), comportamentais (sedentarismo, tabagismo), atividades ocupacionais que vão desde as que envolvem exposição a estímulos vibratórios prolongados, trabalhos braçais pesados, ausência de condições ergonômicas adequadas, padrão postural vicioso, movimentos repetitivos e até a insatisfação no trabalho (LORENZETTI et al, 2006).

Vários trabalhos da literatura especializada, como o “Tratado de Auriculoterapia” (SOUZA, 1996) e “Fundamentos da Medicina Chinesa” (MACCIOCIA, 1996), demonstram que a acupuntura alivia a dor aguda ou crônica na maioria dos casos, e que a repetição do procedimento resulta em elevação do índice de resultados satisfatórios.

A acupuntura é eficiente em grande número de casos, o seu efeito é prolongado e pode ser anulado por bloqueadores de receptores morfínicos. Além disso, apesar das controvérsias, a acupuntura produz elevação do limiar de dor em animais de experimentação, menos sensíveis às influências emocionais do que o ser humano. (MACCIOCIA, 1996).

Os trabalhos de Souza (1996) e Macciocia (1996) explicam que a acupuntura pode bloquear a aferência dolorosa, pelo menos, por dois mecanismos:

1. Inibição da atividade de neurônios transmissores de dor em nível medular, segundo mecanismo de comporta;

2. Inibição da aferência nociceptiva por meio da ativação de sistemas supressores de dor segmentares e supra-segmentar.

A transsecção da medula espinhal bloqueia o efeito da acupuntura sobre a dor. Este é mais um elemento para reforçar a participação de estruturas supra-segmentar, provavelmente, localizadas no tronco encefálico no mecanismo de ação da acupuntura.

Segundo Souza (1996), o impulso necessário para a ação da acupuntura origina-se no ponto de introdução das agulhas, uma vez que o efeito produzido por este método é bloqueado pela anestesia local ou regional. A estimulação das fibras do tipo II, que veiculam a sensibilidade proprioceptiva em nervos periféricos, parece ser necessária para que o índice de sucesso da acupuntura seja elevado. Estas fibras são discriminativas e podem interferir nos sistemas supressores de dor. Razão pela qual se aplicando a acupuntura durante um tempo maior, obtém-se analgesia mais intensa e prolonga-se a duração dos seus efeitos, que não cessam com a interrupção do estímulo. Esta observação reforça a possibilidade da participação de neurotransmissores no seu mecanismo de ação. Além disso, foi relatada a redução da atividade neuronal de núcleos talâmicos mediais e de núcleos do tronco encefálico e lentidão do traçado eletroencefalográfico durante sessões de acupuntura.

Segundo Souza (1996), as vias serotoninérgicas também estão envolvidas na gênese da analgesia induzida pela acupuntura, pois se constatou o aumento da concentração de serotonina no LCR e nas estruturas neuronais do tronco encefálico inferior após aplicação de acupuntura. Foi também demonstrado que os bloqueadores serotoninéricos anulam a ação da acupuntura.

Um dos aspectos mais intrigantes sobre os mecanismos de ação da acupuntura, para Souza (1996), é a existência dos numerosos pontos descritos para introdução de agulhas (pontos localizados nos meridianos), às vezes situado em segmentos do corpo distantes do local da dor. Muitos dos pontos meridionais de acupuntura coincidem com os dermatômeros onde a dor está sediada, localizando-se em regiões ricamente inervadas e onde há grande concentração de ponto-gatilho. Cerca dos 71% e 80% dos pontos de acupuntura correspondem aos pontos-gatilho, ou a pontos motores dos músculos esqueléticos.

Pontos- gatilho são nós de tensão acentuada que causam dor referida em outras partes do corpo (RUBIK, 1992).

Para Kostopoulos e Rizopoulos (2007) a terapia com pontos-gatilho miofaciais no quadrado lombar considera-se: 1)origem: ligamento iliolombar à crista ilíaca, e processos transversos de duas a quatro vértebras lombares inferiores. 2)Inserção: Décima segunda costela, pontas dos processos transversos L1 a L4. 3) Padrão de dor referida: Articulação sacroilíaca, parte inferior da nádega, ventre do músculo. 4) Pontos-gatilho: diversos pontos-gatilho – três larguras do dedo laterais aos processos transversos de L1 a L4. Palpação plana profunda.  5) Alongamento miofacial: Posição 1- o paciente deita-se inclinado para a frente, com o membro inferior em extensão e adução. O profissional apóia a área inferior da caixa torácica e a crista ilíaca com as mãos, afastando-as. Posição 2- o paciente se deita em semi-supinação com o membro inferior em flexão e adução. O profissional apóia a área inferior da caixa torácica e a crista ilíaca com as mãos, afastando-as. 6) Sinal de alongamento positivo: Dor na coluna lombar contralateral. 7) Programa de exercícios domiciliares: O paciente fica de pé e inclina-se para o lado oposto. Uma leve flexão pode facilitar ainda mais o alongamento. 8) Biomecânica da lesão: Levantar objetos do chão, movimentos desajeitados do tronco, perda do equilíbrio durante um movimento, inclinação e torção do tronco repetidas ou durante um tempo prolongado, diferença de comprimento das pernas, escoliose. 9) Notas clínicas: Durante a terapia de ponto-gatilho, quando o paciente estiver em decúbito lateral, coloque o braço do paciente em extensão, para elevar a caixa torácica, o membro inferior em extensão e adução para abaixar a crista ilíaca, e utilize um travesseiro ou uma almofada sob o lado não afetado para alargar o espaço em que podem ser identificados pontos-gatilho com mais facilidade.

Os cinco processos espinhosos lombares são grandes e facilmente palpáveis com a coluna espinhal na posição flexionada. A quinta vértebra lombar é o segmento móvel mais inferior. Em 5% da população, a quinta vértebra lombar é congenitamnente fundida com o sacro: uma condição chamada sacralização. Nesta condição o paciente terá apenas quatro processos espinhosos lombares palpáveis. Em outras pessoas, o primeiro segmento sacro pode não ser fundido com outros segmentos. Esta condição é chamada lombarização, e seis processos espinhosos podem ser palpáveis na coluna lombar. Uma anormalidade comum nos processos espinhosos lombares é a espinha bífida, que é um defeito congênito encontrado em 10% da população. A espinha bífida resulta de uma insuficiência de cada arco vertebral em crescer suficientemente para encontrar-se com o do outro lado e sofrer a ossificação. Ela é comum nos segmentos L5 ou S1. Outra anormalidade comum no intervalo L4-L5 ou L5-S1 é a espondilolistese. Esdta é uma fratura de pars interarticulares que pode causar o deslizamento, para frente, de uma vértebra sobre outra.

Segundo o autor anteriormente citado, o procedimento, para palpação é o seguinte: Com o paciente sentado e flexionado para frente, palpar cada processo espinhoso com os seus dedos indicador e médio. Primeiro procurar quaisquer irregularidades, tais como espondilolistese, espinha bífida, lombarização ou sacralização. A seguir, colocar pressão sobre cada processo com seu polegar. Quando colocar pressão para frente sobre o processo espinhoso, observar qualquer rigidez ou flexibilidade. Rigidez pode indicar hipomobilidade e flexibilidade pode indicar hipermobilidade.

Tang et al. (1997), demonstrou que os pontos de acupuntura correspondem a regiões do tegumento cuja resistência elétrica é baixa. Achados confirmados posteriormente por outros autores. Por outro lado, alguns autores, não acharam diferenças estatisticamente significantes entre os resultados obtidos aplicando os estímulos de acupuntura nos pontos meridionais e em pontos aleatórios da superfície do corpo. No entanto, outros autores discordam desses achados.

Apesar da controvérsia, recomenda-se que a estimulação seja realizada em pontos localizados nos dermatômeros onde a dor se localiza ou em pontos onde a resistência elétrica da pele está reduzida, e não necessariamente nos pontos clássicos dos meridianos orientais.

A melhora da dor lombar, quando da aplicação de estímulos da acupuntura em pontos distantes dos dermatômeros referidos, é explicada por Ferreira (1991) pela dispersão e convergência das informações nociceptivas no sistema nervoso central e pelo mecanismo de influências recíprocas, que ocorre entre os centros medulares da nocicepção. Assim, nos núcleos da formação reticular do tronco encefálico, as células apresentam amplos campos receptivos, propiciando a convergência de informações de várias origens em um único corpo celular. Portanto, a estimulação elétrica é capaz de produzir analgesia em amplos territórios do organismo. Nestas eventualidades, é possível que os estímulos da acupuntura atuem sobre células de certas regiões da formação reticular do tronco encefálico e bloqueiem a sensibilidade dolorosa de grandes áreas do organismo e não necessariamente naquelas áreas onde a estimulação foi realizada.

Para Ferreira (1991) a acupuntura parece reduzir o tônus neurovegetativo simpático, resultando em melhora da perfusão periférica local e geral em seres humanos. Ensaios clínicos, através de estudos termográficos, demonstraram que doentes portadores de dor crônica apresentam menores gradientes de temperatura corpórea nas áreas afetadas, quando comparadas aos segmentos corpóreos correspondentes normais. Desta forma, a aplicação de estímulos de acupuntura em pontos distantes de área afetada, não somente promove o alívio da dor, como também o aumento da temperatura.

Pesquisas científicas feitas por Ullet (1995) e Takeshigue (1995), ambas citadas na obra de Souza (1996) sobre a exceção de proto-oncogenes, com a proteína fos-celular (c-fos), presente no núcleo de muitas células, revelam que estas possam ser utilizadas para mapear e analisar os circuitos neuronais na medula  espinal  e em várias regiões cerebrais ativadas por estímulos fisiológicos e farmacológicos. Determinadas estruturas neuronais são ativadas na presença de estímulos de baixa ou alta frequência.  A imunorreatividade c-fos pode ser detectada em neurônios cerca de 20 a 90 minutos após a excitação neuronal e a sua expressão desaparece algumas horas após a cessação do estímulo. Estudos em animais de experimentação comprovaram que a expressão proteína c-fos no corpo posterior de medula espinal, provocada por estímulo nocivo, é suprimida por acupuntura de alta ou baixa frequência. Estudos uterinos demonstraram o mapeamento da distribuição dos núcleos da medula espinal e do tronco cerebral, que participam de gênese da analgesia pela acupuntura, dependendo do tipo de estímulo utilizado.

Gary Kapla, médico de Arlington que é presidente da American Academy of Medical Acupuncture, sediada em Los Angeles, e professor da Escola de Medicina da Universidade de Georgetown, disse que a lombalgia é a "primeira causa" para as pessoas buscarem a Acupuntura.

 

2.1- Bases neuroquímicas da analgesia por acupuntura

            Os efeitos da acupuntura e da eletroacupuntura são mediados através de uma variedade de mecanismos neurais e neuroquímicos. As pesquisas realizadas no inicio da década de 70 inicialmente elas chegaram aos mecanismos para o efeito da anestesia por acupuntura. Estudos experimentais demonstram que este efeito pode ser transferido de um coelho para outro através da transfusão do líquido cefalorraquidiano (LCR). Outras investigações exploram o papel dos neurotransmissores centrais clássicos na mediação da analgesia por acupuntura, incluindo as catecolaminas e a serotonina. A disponibilidade de modelos animais, utilizando a latência da retirada do rabo do rato, por exemplo, com uma avaliação biológica, permite novos experimentos para explicar a base desses efeitos. Evidencia-se a liberação diferenciada de peptídeos opiáceos do sistema nervoso central (SNC) pela eletroacupuntura de acordo com o tipo de estímulo elétrico. A eletroacupuntura de 2Hz libera encefalinas e beta-endorfinas, enquanto que a estimulação de 100Hz seletivamente aumenta a liberação de dinorfina na medula espinal. A combinação de ambas a frequências permite uma interação sinérgica entre três peptídeos opiáceos endógenos e um efeito analgésico mais potente. Além disso, o tratamento sequencial em espaçamento de tempo adequado deve resultar em um efeito cumulativo de eletroacupuntura. A distribuição bimodal do efeito analgésico pode ser notada em um grande grupo de ratos que recebem eletroacupuntura (“maus respondedores” e “bons respondedores”). O mecanismo da baixa resposta pode ser explicado de duas maneiras: Uma menor taxa de liberação de peptídeos opiáceos no SCN, e uma taxa alta de liberação de CCK-8, que exerce efeitos anti-opiáceos potentes. Uma descoberta recente de peptídeos anti-opiáceo é a orfanina (SQ) que está relacionada com um controle de retro alimentação negativa da estimulação por eletroacupuntura (HAN, 1999).

            Em humanos, o manuseio manual das agulhas inseridas em um ponto de acupuntura (LI 4) produz aumento significante no limiar de tolerância à dor tegumentar induzida pela iotonforese de potássio. A latência tardia, com período de indução de 30 minutos e a queda exponencial ( T1/2 = 16 minutos) sugerem o envolvimento de mecanismo humoral. (HAN, 1999).

 

2.2. -   A especificidade do local do ponto de acupuntura

             A especificidade do sítio de acupuntura não deve ser supervalorizado quando se trata de analgesia. Não deixe ainda nenhuma evidência clara demonstrando que a estimulação de um ponto de acupuntura possa induzir uma analgesia sítio especificada em áreas remotas. Entre dez pontos diferentes de acupuntura testados em voluntários humanos utilizando a iontoforese de potássio para induzir dor experimental, o ponto LI 4 foi o mais eficaz para produzir um efeito analgésico geral, provavelmente devido a densa concentração de fibras nervosas Ab nesta área (LIAO, 1975). O mecanismo de comportas também deve estar envolvido na analgesia segmentar, induzida pela acupuntura, especialmente quando é aplicada no local de dolorimento (ponto “Ah-Shi” ou ponto Ah! Sim).

2.3 - Tratamento múltiplo de acupuntura com o espaçamento apropriado pode resultar no seu efeito cumulativo.

            Alguns autores apontam que o efeito terapêutico produzido por tratamentos múltiplos de acupuntura realizados uma vez por semana é melhor do que uma vez por dia. Em ratos normais, comparou-se o efeito analgésico obtido pela eletroacupuntura realizada uma vez ao dia, uma vez a cada quatro dias, e uma vez a cada sete dias, apresentava a tendência de obtenção de resultados cada vez melhores. Concomitantemente ocorre o numero gradual na concentração de monoaminas no perfusato espinhal. Já no regime de uma por dia, havia uma redução gradual de efeito analgésico, com o desenvolvimento da tolerância (HAN et. al. 1999). Entretanto, em ratos com artrite induzido experimentalmente, o tempo ótimo de espaçamento para a obtenção de melhores resultados terapêuticos, é diferente daqueles observados em ratos normais. Esta constatação depende do modelo patológico utilizado, merecendo maiores investigações.

O uso de metodologia é absolutamente essencial para o esclarecimento das bases científicas da terapêutica com acupuntura. Pesquisas na fisiologia da acupuntura contribuem para o desenvolvimento da neurociência, desde o nível molecular até ao comportamental. Questões que surgem na prática clínica são fontes valiosas para a pesquisa básica dos mecanismos de ação da acupuntura. Estudos de alta qualidade científica irão certamente pavimentar os caminhos para a aceitação do seu uso em benefício do paciente que sofre de dor crônica assim como de outros distúrbios funcionais. (HAN, 1994).

 

2.4. Lombalgia

A lombalgia é explicada como um processo doloroso, que se instala na cintura pélvica com irradiação da dor para os membros inferiores, pois se acredita que o nervo ciático deve estar afetado (MENDES, 1995).

A lombalgia é definida como dor localizada na região lombar, de início insidioso e intensamente doloroso. Apesar do avanço da ergonomia, de sofisticados métodos diagnósticos e da conscientização das pessoas, na última década a lombalgia teve um crescimento quatorze vezes maior que o crescimento da população (PEREIRA, 2003). Aproximadamente 60% dessas dores são causadas por problemas musculares, em geral por retrações de músculos devido à má postura, esforço físico e movimentos repetitivos feitos de maneira inadequada (MOONEY, 2000).

Estudos epidemiológicos sobre lombalgia tiveram início na década de 1980, sugerindo que a lombalgia não era um problema clínico sério e uma vez que o médico descartasse uma condição séria, o diagnóstico de lombalgia não era importante. Sinais de perigo seriam fratura espinhal, tumor, infecção e síndrome da cauda equina (RANNEY, 2000).

Segundo Knoplich (2003), numa pesquisa realizada em países escandinavos no ano de 2000, constatou que muitos trabalhadores foram afastados do trabalho por lombalgia. Entre 60% a 80% da população tem episódios de dor na coluna vertebral, sendo estas dores a primeira causa de afastamento de trabalho em pessoas com menos de 45 anos de idade.     

     A lombalgia é na maioria das vezes de recuperação espontânea, mas causa perdas na economia do país, transtornando a vida do trabalhador e de suas famílias, causando danos diretos e indiretos no sistema de saúde e aposentadorias precoces. Neste estudo com 8000 finlandeses acima de 29 anos de idade com dores nas costas, houve a prevalência de dor lombar em 77% dos homens e 74% das mulheres, sendo que a presença de dor na perna foi de 35% nos homens e 45% nas mulheres. A lombalgia tende a aumentar com o passar da idade.

As dores lombares crônicas devem ser tratadas como um problema de saúde pública. Um estudo populacional, na Noruega, encontrou prevalências de dor lombar crônica de 2,4% e 1,7%, respectivamente, para homens e mulheres. Esta morbidade atinge principalmente a população em idade economicamente ativa, podendo ser altamente incapacitante sendo uma das mais importantes causas de absenteísmo. Esta dor contínua e por longo período de tempo afetam muitos aspectos da vida, podendo levar a distúrbios do sono, depressão, irritabilidade e, em casos extremos, ao suicídio (FREIRE, 2000).

De 75 a 90% das pessoas com dor lombar apresentam melhoras em quatro a seis semanas. Apesar de retornar ao trabalho em um mês, 50% dos trabalhadores apresentam recorrência de dor lombar em um ano (WADDELL, 2004).

A lombalgia pode ter inúmeras causas, sendo as mais citadas, processos dolorosos inflamatórios, degenerativos, alterações mecânicas da coluna, má formação e sobrecarga da musculatura lombar (DIXON, 2007).

No Brasil, em uma pesquisa epidemiológica sobre a prevalência da lombalgia, na cidade de Uberaba, Minas Gerais, onde foram entrevistados 491 indivíduos de diferentes grupos e não submetidos a trabalhos pesados nas atividades da vida diária, a lombalgia foi encontrada em 53,4% (MARRAS, 2000).

Para Santos (1996), as causas da lombalgia são mecânicas, e incluem sobrecarga lombossacral por esforço repetitivo ou não, discopatia degenerativa, espondilolistese, estenose de medula espinhal e fratura. A grande maioria dos casos de dor lombar com ou sem irradiação para os membros inferiores tem involução em semanas ou meses, e 10% dos casos se tornam crônicos.

Para Knoplich (2003), as dores irradiadas e parestesias para os membros inferiores com freqüência se associam à lombalgia, incapacitando a movimentação e o trabalho. Fraqueza muscular e alterações do funcionamento dos esfíncteres podem surgir em casos mais graves.

De acordo com o Ministério da Saúde (Brasil, 2001), episódios agudos de lombalgia ocorrem em pacientes em torno dos 25 anos de idade, e em 90% dos casos a sintomatologia desaparece em 30 dias, com ou sem tratamento medicamentoso, fisioterápico ou repouso, mas o risco de recorrência é de cerca 60% no mesmo ano. Fatores que podem contribuir para o agravo é idade, postura inadequada, fadiga no trabalho e atividades repetitivas. Já na lombalgia crônica a dor persiste durante três meses e a média de idade dos pacientes é de 45 a 50 anos de idade. Fatores que podem contribuir para o agravo da cronicidade são: trabalho pesado, trabalho sentado, falta de exercícios e problemas psicológicos.

A recorrência de dor lombar é maior em indivíduos sedentários e que executam trabalho pesado. Os sedentários apresentam a região lombar fraca e mal preparada, e os indivíduos que se ocupam com trabalhos pesados repetidos recebem uma carga excessiva na coluna vertebral (WADDELL, 2004).

Para Oliver e Middleditch (1998), citando como exemplo os motoristas de ônibus, posturas prolongadas sobre ação de movimentos vibratórios repetitivos podem ocasionar dor lombar. Qualquer postura que induz trabalho muscular estático causa fadiga da musculatura, resultando em dores.

Queiroga (2002) relata que a atividade de motorista de ônibus requer repetições de movimentos nos membros superiores e inferiores para comandar o veículo. Sobrecargas maiores estão localizadas na coluna vertebral, pois, para a realização da tarefa é necessário permanecer sentado com constantes inclinações, rotações do pescoço e a manutenção de grupos musculares contraídos, em especial dos membros inferiores e dos grupos musculares da região superior do tronco. Adicionando-se a isto, Frye (2007), relata o estresse no trânsito, exposição a ruídos, temperaturas elevadas e as vibrações que contribuem para tornar a profissão fatigante.

 

2.5. Analgesia por acupuntura

A analgesia por acupuntura age de formas diferentes. Parte explicada pelos conhecimentos científicos ocidentais e parte pela experiência trazida pela MTC. Sabe-se que o estímulo de nociceptores periféricos pode estimular os centros supressores de dor, localizados no bulbo, ponte e mesencéfalo. Portanto, respectivamente, estimulando o núcleo magno bulbar da rafe (neurôniosserotoninérgicos), locus cerúleo (neurônios noraderenérgicos) e a substância cinzenta periaquedutal (neurônios opióides). Os três núcleos mantêm vias descendentes inibitórias de nível segmentar, isto é, no nível da raiz nervosa onde o estímulo foi produzido (nervos espinhais ou cranianos). Substâncias opióides endógenas (encefalina, endorfina, etc.) são liberadas na corrente sanguínea, atuando não só centralmente como perifericamente. O eixo hipotálamo-hipófise também pode ser estimulado pelas agulhas de acupuntura, induzindo a liberação de pro-opiomelanocortina, hormônio que será degradado em endorfina e ACTH (produzindo ação antiinflamatória e potente efeito analgésico) (DANTAS e OLIVEIRA, 2003).

Segundo a MTC, uma força básica de energia flui por todos os seres vivos que são denominados Qi. Quando esta força flui pelo corpo humano ela trafega ao longo de doze meridianos primários e por dois secundários. Ao longo desses canais há 365 pontos clássicos de acupuntura. Uma das funções do Qi é fazer circular o Sangue, que para os chineses é uma forma densa de Qi. Quando houver alguma estagnação de Qi ou Sangue ocorrem doenças e a dor. A função da agulha de acupuntura é liberar a livre circulação destas fontes de energia, devolvendo a homeostase. Os sintomas ou a localização da dor determinam qual meridiano está afetado e quais os que devem ser tratados (DANTAS e OLIVEIRA, 2003). Sendo, assim, os pontos utilizados pra esse protocolo de tratamento tinha como função específica fazer desbloqueio energético. Com isso, fazer melhorar a função de circulação de Qi e Sangue. Ademais, foi incluído ponto de influência sobre a musculatura como o VB34 relaxando e fortalecendo os tendões e músculos, ponto de Jing (poço) B67 que é responsável pela aceleração de fluxo energético, ponto de assentimento do Rim órgão que influência a região lombar, pontos de abertura de canal curioso como o ID3 e o B62 responsável pela abertura do DU MAI canal que passa pela coluna lombar e que o fortalece como, também, o de assentimento (MACIOCIA, 1996).

 O ponto shemen é um ponto utlizado para estabilizar o sistema como um todo e atua de forma analgésica, antiinflamatória e é aumentado o seu efeito quando associado ao ponto analgesia o qual é usado pra qualquer tipo de dor e em programa de anestesia. Os pontos rim, fígado e baço são responsáveis respectivamente pelo fortalecimento da região lombar e medula óssea, por promover a circulação de Sangue e Qi e o ultimo de fazer a digestão dos alimentos pra nutrir juntamente com o fígado os músculos e tendões. Os pontos lombares e pelve são os pontos de atuação da zona correspondente, ou seja, são as áreas as quais receberam a influência dos pontos supracitas e, assim, serem tratados. O ponto subcórtex é um ponto que atua potencializado o efeito de alivio de dor quando associado ao shemen e a analgesia (GARCIA, 2003).

Os demais pontos, são pontos de ação secundária que, auxiliam o processo de circulação; assim como, também, tem ação local para o desenvolvimento da analgesia e do tratamento da lombalgia.

Em relação à supressão de dor somática e de algumas dores viscerais pela acupuntura (analgesia), acredita-se que a irritação da agulha em um ponto cutâneo levaria à vaso constrição dos vasos nutrientes dos nervos, por estimulação simpática, e tal isquemia bloquearia a condução nervosa. As fibras mais sensíveis (as que precocemente perdem a função condutora) são as fibras dolorosas e táteis. As fibras mais resistentes são as motoras, daí o motivo de o paciente, sobre analgesia por acupuntura, manter a consciência e os movimentos, enquanto a dor e o tato ficam anestesiados (BASTOS, 1993).

No sistema nervoso autônomo, o componente eferente do sistema nervoso vegetativo controla a atividade das vísceras, órgãos, glândulas, vasos e músculos, pela atuação sinérgica do sistema nervoso simpático e parassimpático. As fibras aferentes que carregam informação ao SNC, que provém de vísceras e estruturas internas, encontram em gânglios da raiz dorsal que se dirigem à medula, na qual fazem sinapse com neurônios de conexão na coluna posterior. Como os neurônios aferentes somáticos e autônomos fazem sinapse nesta região, há uma possibilidade de eles interagirem, sendo esta uma das bases do resultado terapêutico da acupuntura e a explicação do fenômeno da dor referida (BASTOS, 1993).

 

2.6. Acupuntura como recurso terapêutico e analgésico no tratamento da lombalgia em idosos

            A lombalgia apresenta-se com bastante frequência em pessoas idosas e conforme a medicina chinesa cada órgão e função do corpo humano possuem atribuições yang e yin, cujo equilíbrio depende a boa saúde do mesmo. A acupuntura vem sendo utilizada com sucesso na dor lombar em idosos.

            Para Dantas e Oliveira (2003) a acupuntura possui realmente um comprovado efeito analgésico como principal recurso fisioterapêutico no tratamento da lombalgia em idosos, uma vez que através da inserção das agulhas, é possível bloquear a sensação álgica em nível de sistema nervoso central. Pode, por esse motivo, trazer grandes benefícios a estes pacientes, aliviando-lhes as dores lombares e com isso melhorando a postura antálgica muitas vezes adotada como “forma de defesa”. Isto se reflete também na qualidade de vida do geronte, que passará a apresentar, inclusive, maior autonomia para a realização de tarefas que com o quadro de dor aguda seriam de difícil execução. Além da melhora sintomatologia, é capaz de facilitar posteriores atuações fisioterapêuticas, quando se necessita de adequado posicionamento da estrutura corpórea. Por ser uma técnica relativamente segura, os riscos para o paciente são mínimos. Devido à sua simplicidade, não requerendo, de uma maneira geral, materiais onerosos, reverte-se me forma de benefícios por seu baixo custo. Por ser uma prática natural, dispensa o uso de fármacos, utilizando-se de substâncias que o próprio corpo do paciente produz o que, por si só, também elimina a possibilidade de efeitos adversos pela ingestão de substâncias exógenas.

            Ainda, segundo os autores citados anteriormente, a acupuntura trata o idoso como um todo, mesmo quando atua especificamente no controle da dor, já que dentro da visão oriental, as diversas partes do corpo encontram-se intimamente relacionadas pela Lei dos Cinco Elementos da Natureza: Fogo, madeira, Terra, Água e Metal. Talvez ainda, em um futuro não muito distante, tenhamos um novo paradigma de saúde que venha a combinar nossa magnífica tecnologia ocidental com as leis universais da medicina chinesa, para erradicação de inúmeras doenças da terceira idade. Isso realmente é possível, pois como bem exemplificada o Tao, apesar de opostos, yin e yang se complementam em harmonia para dar continuidade à vida.

 

ESTUDOS QUE COMPROVAM A EFICÁCIA DO TRATAMENTO POR MEIO DE ACUPUTURA EM LOMBALGIAS

No início do século XXI, um grupo de pesquisadores avaliou a eficácia de uma nova terapia de agulha de prata em “tender points” de pacientes com lombalgia crônica por esforço repetitivo e após remoção de núcleo pulposo. Yi-kai, Xueyan e Fu-gen (2000) escolheram 24 pacientes (17 homens e 7 mulheres) com idade entre 26 e 67 anos (54,5 ± 5 anos). Os pacientes foram tratados com terapia tradicional de agulha de prata em “tender point” na região lombar e nádegas. A dor presente em cada “tender point” foi medida antes e após o tratamento; os valores foram comparados por utilização de “teste T student”. Os resultados sugerem que o total de valores em cada ponto, após o tratamento, era significativamente menor que aqueles obtidos antes do tratamento (P < 0,001).

Segundo estudo realizado por Witzmann (2000), o tratamento para dor crônica de coluna é predominantemente não cirúrgico. Há três principais procedimentos neste tipo de tratamento: a medicina manual, a aplicação terapêutica local de anestésicos e a acupuntura. Os autores concluem que, mesmo sendo a última escolha entre os tratamentos, em qualquer caso, a acupuntura não apenas alivia a dor, mas também harmoniza os distúrbios físicos e psicológicos.

Um estudo piloto prospectivo, não controlado, realizado por Schmitt et al. (2001), examinou os benefícios potenciais da acupuntura em pacientes com dor lombar e sintomas radiculares. Sessenta pacientes com dor lombar e herniação de disco lombar, diagnosticados por imagem de ressonância magnética e tomografia computadorizada, foram tratados com acupuntura. A intensidade de dor foi aferida antes e após tratamento, em uma escala visual analógica de 100 mm. A média dos resultados demonstrou redução de dor lombar de 59 mm para 19 mm, e da intensidade de dor radicular de 64 mm para 12 mm, já após três meses de tratamento. Entre três e doze meses após o final da acupuntura, 88 % dos pacientes estavam satisfeitos com o tratamento. Portanto este estudo conclui que a acupuntura como método não invasivo de tratamento, com poucas complicações, é uma opção terapêutica promissora para dor lombar, principalmente quando associada com sintomas radiculares.

Kerr, Walsh e Baxter (2001) realizaram um estudo com o objetivo de verificar o uso corrente da acupuntura dentro da fisioterapia e coletar as opiniões dos pacientes que foram efetivamente tratados com a técnica. Em uma primeira fase do estudo, de natureza retrospectiva, os autores, a partir da análise de 599 registros clínicos de pessoas que passaram pela clínica de fisioterapia, classificaram os pacientes em três categorias: lombalgia, lesões da coluna cervical/torácica e lesões no tecido mole das articulações periféricas. Em uma segunda fase, realizaram uma pesquisa por meio de questionário enviado a pacientes (n=200) efetivamente tratados com acupuntura. A taxa de resposta foi 78% (156 pacientes). Dos pacientes que responderam ao questionário, 60% referiram alívio da dor após o tratamento e, dos mesmos, 31% declararam ainda estar aliviados até o momento em que respondiam o questionário. A maioria dos questionados (80%) referiu ter obtido uma melhora tal que lhe permitiu realizar normalmente as tarefas domésticas, 94 % afirmaram estar “satisfeitos” ou “muito satisfeitos” com o tratamento e 54% deles afirmaram ter obtido melhora que lhes capacitou trabalhar normalmente.

Embora os resultados sejam satisfatórios, os autores recomendam pesquisas posteriores para aquilatar a eficácia da acupuntura como tratamento para o alívio da dor em patologias de estado crônico, tendo como exemplo a dor lombar.

Em seu estudo, Carlsson e Sjolund (2001) procuraram determinar se a acupuntura produzia alívio em longo prazo para dor lombar. Os pacientes (33 mulheres, 17 homens de idade média de 49,8 anos) sem radiculopatia ou história de tratamento com acupuntura foram incluídos no estudo. Os pacientes foram divididos e 3 grupos de forma randomizada. Um grupo recebeu acupuntura manual, outro, eletroacupuntura, e o terceiro placebo (falsa estimulação nervosa elétrica transcutânea). Os sintomas foram examinados e monitorados por um examinador que desconhecia qual era o tipo de tratamento aplicado. Os pacientes utilizaram um diário para quantificar a intensidade da dor duas vezes ao dia, a analgesia sentida, a qualidade do sono diário, e o nível de atividade semanal. No primeiro mês, 16 dos 34 pacientes dos grupos que receberam acupuntura e 2 dos 16 pacientes do grupo placebo mostraram melhora significante (p < 0,05). No sexto mês, 14 dos 34 pacientes dos grupos de acupuntura e 2 dos 16 pacientes do grupo de placebo mostraram melhora significativa (p < 0,05). Um significante decréscimo na intensidade de dor ocorreu entre os meses 1 e 3 nos grupos de acupuntura, quando comparado com o grupo de placebo. Houve uma significante melhora no retorno ao trabalho, qualidade de sono, e analgesia dos sintomas tratados com acupuntura. Os autores concluíram que há um efeito de alívio de dor em longo prazo por meio da acupuntura, quando comparado com o uso de placebo em pacientes com dor lombar crônica.

Em um estudo prospectivo, 186 pacientes de um centro de reabilitação, com histórico de lombalgia por esforço repetitivo com duração maior ou igual a 6 semanas, escala analógica de dor maior ou igual a 50 mm e sem alegação de compensação, foram divididos em três grupos paralelos, duplo cego, no qual pacientes e observadores não foram informados se a aplicação de acupuntura era “verdadeira” (acupuntura utilizando um dos 500 pontos tradicionais) ou “falsa” (utilizando pontos de acupuntura fora dos 500 pontos tradicionais, ou seja, em pontos não específicos), durante três meses. Os autores levantaram a questão: “A combinação de acupuntura e tratamento ortopédico conservador (TOC) melhoraria um tratamento ortopédico conservador para lombalgia?”. Para os três grupos foram aplicados 4 semanas de tratamento. Os pacientes foram estratificados em 4 grupos: lombalgia crônica com histórico menor ou igual a 6 meses; de 6 meses a 2 anos; de 2 a 5 anos; maior ou igual a 5 anos. As análises foram realizadas por tipo de tratamento. O grupo 1 recebeu 12 sessões de acupuntura “verdadeira” e TOC. O grupo 2 recebeu 12 sessões de acupuntura “falsa” e de TOC. O grupo 3 recebeu apenas TOC, sendo que a aplicação de acupuntura tanto a “verdadeira” quanto a “falsa” foram realizadas em duplo cego (tanto examinador quanto paciente). Os resultados primários mostraram redução de dor maior ou igual a 50 % em VAS (escala analógica visual) e eficácia de tratamento após 3 meses no grupo 1. Nenhuma diferença foi encontrada nas amplitudes de movimentos dos pacientes nem no consumo de antiinflamatório Diclofenaco nos três grupos, entre os períodos pré e pós-tratamento. Por fim, os autores concluíram que acupuntura pode ser um importante suplemento ao tratamento ortopédico conservador para a manutenção do tratamento de lombalgia crônica (MOLSBERGER et al. 2002).

Ceccherelli et al. (2003) realizaram um estudo randomizado, controlado, cego, objetivando verificar a eficácia da acupuntura e reflexoterapia no tratamento de lombalgias e testar se o número de sessões influenciava o resultado das terapias. Trinta e um pacientes portadores de lombalgia por esforço repetitivo foram divididos aleatoriamente em 2 grupos: o primeiro grupo (16 pacientes - 5 homens e 11 mulheres – com média de idade de 57,17 ±13,06 anos) recebeu 5 semanas de acupuntura; o segundo grupo (15 pacientes - 4 homens e 11 mulheres - com média de idade de 49,36 ± 11,98 anos) foi submetido a 10 semanas de sessões de acupuntura. Os pontos de acupuntura foram utilizados igualmente em ambos os grupos. A dor foi monitorada por uma cartilha autograduada diária. A dor era avaliada usando-se um cartão preenchido pelo paciente, todos os dias. No final da terapia, a dor remanescente que pontuasse entre 0% e 50% da dor original era considerada um bom resultado. Enquanto que uma dor de 51% a 80% era considerada como insatisfatório e um resultado 81% ou mais era considerado ruim. No primeiro grupo, 11 pacientes obtiveram resultados “bom”, 1 paciente “insatisfatório” e 4 pacientes “ruim”. A dor remanescente foi de 65,5 % da dor original. No segundo grupo, 13 pacientes obtiveram um bom resultado e 2 um resultado ruim, tendo como dor remanescente 43,9% da dor original. O artigo conclui que 10 sessões de acupuntura parecem ter melhores efeitos terapêuticos que 5 no tratamento de lombalgia. Kerr, Walsh e Baxter (2003) avaliaram a eficácia da acupuntura no tratamentode lombalgia por esforço repetitivo. Pacientes (n = 60) com lombalgia crônica foram convocados e separados em 2  grupos aleatórios, um recebeu tratamento com acupuntura, e a outra estimulação nervosa elétrica transcutânea (TENS).

Os pacientes foram  submetidos  a  sessões  semanais  por   6      semanas e avaliados no período pré e pós-tratamento por escala visual de dor (VAS), questionário de qualidade de vida, e uma simples mensuração de grau de movimento da coluna. Análises dos resultados utilizando-se “Teste t” mostraram que em ambos os grupos houve melhora em todos os parâmetros. Não houve diferença significativa entre os 2 grupos em nenhum resultado no final do tratamento.

O objetivo do estudo realizado por Meng et al. (2003) foi determinar a efetividade e a seguridade da terapia com acupuntura quando combinada ao tratamento padrão em pacientes com lombalgia. Os critérios de inclusão de pacientes foram: lombalgia por tempo maior ou igual a 12 semanas e idade maior ou igual a 60 anos; os critérios de exclusão foram: tumor espinal, infecção ou fratura e associação de sintomas neurológicos. Os pacientes foram divididos em 2 grupos. O grupo controle continuou com seus cuidados usuais, de acordo com orientação médica, incluindo antiinflamatórios não hormonais, relaxantes musculares, uso de paracetamol e exercícios. O grupo de estudo, em acréscimo, recebeu acupuntura 2 vezes por semana, juntamente com estimulação elétrica por 5 semanas.

Os resultados foram mensurados, chegando à conclusão que a acupuntura é um tratamento complementar seguro e efetivo para lombalgia crônica em pacientes idosos.

Lorenzetti et al. (2006), realizaram um estudo com o objetivo de verificar o uso acupuntura no tratamento de lombalgia e dor pélvica durante a gravidez, comparando com pacientes que estavam sob tratamento convencional. Por meio de testes randomizados, clínicos, foram selecionadas 61 grávidas sobre tratamento convencional e divididas em tratadas ou não com uso de acupuntura, sendo 27 pacientes do grupo de acupuntura e 34 do controle. Elas reportaram quanto de dor estavam sentindo, por meio de uma escala numérica de 0 a 10 e a capacidade de realizar atividades gerais, trabalhar e andar. Também foi avaliado o uso de analgésicos. As mulheres foram acompanhadas por 8 semanas e entrevistadas 5 vezes, com intervalo de 2 semanas. Todas as pacientes completaram o estudo. No grupo que utilizou acupuntura, a média de dor mostrou significante redução (4,8 pontos) quando comparada à redução do grupo controle (0,3 pontos) (P<0,001). Os escores médios de dor decresceram pelo menos 50% em 21 das pacientes no grupo de acupuntura (78%), e em apenas 5 pacientes no grupo controle (15%).

             A dor máxima e dor no momento de entrevista foram também menores no grupo de acupuntura comparados com grupo controle. A capacidade de realizar atividades gerais, de trabalhar e andar foi aprimorada significativamente no grupo acupuntura (P<0,05). O uso de paracetamol foi menor no grupo tratado (P<0,01). Os resultados indicaram que acupuntura parece aliviar a lombalgia e dor pélvica durante a gravidez e, também, aumentar a capacidade de certas atividades físicas, além de diminuir a necessidade de drogas, o que é uma grande vantagem durante o período de gestação.

Manheimer et al. (2005), com objetivo de avaliar a efetividade do uso de acupuntura para tratamento de lombalgia, realizaram um meta-estudo por meio de pesquisas no banco de dados (MEDLINE, Cochrane Central,   EMBASE, AMED, CHINAHL,  CISCOM e GERA)  durante o  mês de agosto de 2004.

Em tal estudo foram realizados testes de controle randomizados, comparando uso da acupuntura com uso de outras técnicas, para pacientes de lombalgias (acupuntura simulada, tratamentos simulados, nenhum tratamento ou outros tratamentos) na Universidade e Escola de Medicina de Maryland, em Baltimore, EUA.

 Dentre estes, 33 estudos foram escolhidos e subdivididos de acordo com o tipo de dor, estilo de técnica de acupuntura e tipo de grupo controle usado. Como resultado, foi evidenciado que, em curto prazo, com o uso de acupuntura, houve o alívio da dor lombar crônica, sendo significativamente eficaz quando comparados aos tratamentos placebos (simulados) e aos não tratamentos. Para pacientes com lombalgia aguda, os dados foram inconclusivos. As limitações encontradas foram quantidade e a qualidade metodológica dos testes incluídos no meta-estudo.

Os autores concluem que a acupuntura é eficaz para alivio de lombalgia crônica Furlan et al. (2005), do Institute for Work & Health, Toronto, Ontaro, Canadá, realizaram um estudo randomizado, controlado, objetivando avaliar os efeitos da acupuntura e aplicação de agulha seca para tratamento de pacientes adultos com lombalgias, não específicas. Foram coletados os dados a respeito de acupuntura aplicada no tratamento de lombalgias de 1996 a 2003, em databases (CENTRAL, MEDLINE, EMBASE, CHINESE COCHRANE CENTRE OF CLINICAL TRIALS e databases japonesas). Tiveram como resultado 35 testes clínicos randomizados de várias nacionalidades (20 em inglês, 7 em japonês, 5 em chinês, 1 em norueguês, 1 em polonês e 1 em alemão). Para lombalgia crônica existem evidências de alívio de dor e melhora funcional com o uso da acupuntura, comparada ao tratamento convencional ou placebo. Os efeitos somente foram observados nos finais das sessões e em curto prazo. O estudo também relata evidências de que a acupuntura, associada a outras terapias convencionais, alivia a dor e promove melhora funcional mais eficaz que os tratamentos caracterizados pelas terapias convencionais. O método de agulha seca também parece ser útil quando associada às outras terapias para lombalgia crônica.

Os autores concluem que tanto o uso da acupuntura tradicional quanto o uso do método de agulhas secas podem ser úteis a outras terapias para lombalgias crônicas. Como a maioria dos estudos é de baixa qualidade metodológica os autores sugerem melhorar a qualidade dos testes nessa área.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

            Ao final desta pesquisa chega-se a conclusão que a acupuntura em tempos remotos não era vista com bons olhos pela medicina, mas a partir da década de 70 ganhou espaço, pois ficou comprovado que a mesma aliviava dores crônicas. A acupuntura trata corpo, mente e espírito, sem a pretensão de ser uma técnica exclusiva no tratamento das dores, embora seja de enorme valia para a reabilitação do indivíduo no estágio de dor crônica. A reação fisiológica mais extensivamente pesquisada na Acupuntura tem sido a liberação de substâncias no cérebro conhecidas como endorfinas.

            Os estudiosos e especialistas em acupuntura afirmam que a acupuntura tem  feito avanços incrementais no entendimento dos seus efeitos no cérebro e que diferentes níveis de estímulos elétricos estimulam diferentes opióides, afirmam também que a acupuntura durante um tempo maior, obtém-se analgesia mais intensa e prolonga-se a duração dos seus efeitos, que não cessam com a interrupção do estímulo.

            Estudos comprovam que nos últimos tempos tem crescido muito a dor localizada na região lombar, apesar do avanço da ergonomia, de sofisticados métodos diagnóstico e da conscientização das pessoas. Ressalta também que a má postura e esforço físico e movimentos repetitivos feitos de maneira inadequada, muito contribui para se adquirir a dor lombar.

A acupuntura vem comprovando sua eficácia no tratamento de dor lombar e ainda alguns autores apontam o efeito terapêutico produzido por tratamentos múltiplos de acupuntura realizados uma vez por semana é melhor do que uma vez por dia, e que a acupuntura como método não invasivo de tratamento, com poucas complicações, é uma opção terapêutica promissora para dor lombar, principalmente quando associada com sintomas radiculares, mas os autores recomendam pesquisas posteriores para aquilatar a eficácia da acupuntura como tratamento para o alívio da dor em patologias de estado crônico.

O estudo também relata evidências de que a acupuntura, associada a outras terapias convencionais, alivia a dor e promove melhora funcional mais eficaz que os tratamentos caracterizados pelas terapias convencionais. O método de agulha seca também parece ser útil quando associada às outras terapias para lombalgia crônica. Conclui-se também que a acupuntura é eficaz no tratamento de lombalgia em idosos, pois a mesma trata o idoso como um todo, mesmo quando atua especificamente no controle da dor, já que dentro da visão oriental, as diversas partes do corpo encontram-se intimamente interligadas.

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